O músico cofundador dos X-Wife e que se fez famoso como DJ Kitten tem um novo alter-ego. O disco já está disponível e os concertos arrancam no final de outubro
O músico português João Vieira está a celebrar 20 anos na estrada com o lançamento de um novo projeto. Wolf Manhattan é um alter-ego que o portuense está ansioso por encarnar em palco. Para já é um disco de Rock despido da habitual eletrónica e que até pode ser um jogo para partilhar com amigos.
Em entrevista à Euronews, o cofundador dos X-Wife revisitou as duas décadas de carreira que o trouxeram até este novo projeto a solo.
Do trio lançado em 2002, diz ter sido "um sonho realizado" depois de algumas experiências sem sucesso e de uma carreira fulgurante a "trocar discos" como DJ Kitten.
"Foi o primeiro projeto em que assinámos por uma editora e tivemos um contrato discográfico. Eu já tinha tido duas experiências antes. Uma em Portugal, outra em Londres. Foi à terceira que consegui um contrato com um projeto que já conta 20 anos e que se revelou um marco muito importante na minha carreira musical", reconheceu o músico.
Com ritmos apontados ao Post-Punk e ao Indie Rock eletrónico, os X-Wife desfrutaram de uma ascensão que os levou, em 2006, a atuar no Reino Unido, em França, Itália e Espanha. No ano seguinte, figuraram em cartazes de festivais icónicos internacionais como o do Primavera Sound de Barcelona, Espanha, ou o do South by Southwest, no Texas, Estados Unidos.
No entanto, a vida levou um dos membros dos W-Wife, Rui Maia, a mudar a residência para Lisboa. A distância entre o grupo dificultou os ensaios e a partilha. A solução foi encontrar novos escapes para a criatividade individual.
O homem dos sintetizadores e da caixa de ritmos, Rui Maia, lançou o projeto eletrónico Mirror People. O baixista Fernando Sousa começou a colaborar com os também portuenses Best Youth. João Vieira criou o primeiro alter-ego.
"Em White Haus decidi apostar mais no território francês. Por experiência própria, percebi que não se pode ir a todas. É melhor focarmo-nos num país. Fui a um festival e fiz um seminário de música em Paris. Uma das música foi selecionada para apresentar o MaMa Fest (2017), um festival em França. De 180 grupos, eles escolheram uma música de White Haus", recorda o músico.
O tema "Greatest Hits", extraído do álbum de estreia "Modern Dancing" (2016), foi o eleito para sonotizar o teaser do MaMa Festival 2017, em Paris.
Em 2018, foi lançado o quinto álbum dos X-Wife, um disco homónimo, e no ano seguinte surgiu "Body Electric", de White Haus. Entretanto, em 2020, a pandemia de Covid-19 deixou o mundo em suspenso e mandou muitos dos músicos, e não só, para o isolamento.
No quarto, rodeado de discos e de alguns instrumentos, João Vieira começou a experimentar uma nova sonoridade. Um som mais cru e despido do que vinha fazendo até então. À música juntou-se um personagem, que até já tem uma biografia, e um novo universo imaginado pelo músico.
"Esse universo encaixa muito bem nesta parte lo-fi das canções com um gravador de pistas, um órgão e uma guitarra acústica. Quis criar todo esse universo. E depois existe também dentro da capa do disco de vinil um género de Jogo da Glória 'meets Trivial Pursuit', em que tem de se responder a uma espécie de questionário sobre as canções para se avançar e chegar ao final", explicou João Vieira, abrindo a capa do disco e revelando o tabuleiro deste jogo musical.
O disco abre com "Voices in my Head", um dos primeiros avanços deste disco homónimo de Wolf Manhattan.
Os primeiros concertos já estão marcados, a 28 de outubro na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, e a 3 de novembro no Auditório CCOP, no Porto. João Vieira promete criar um misto de concerto e peça de teatro para apresentar ao vivo este "Wolf Manhattan" e o plano é depois exportar este espetáculo, num primeiro momento, para Inglaterra, onde considera que este tipo de som mais despido poderá ter melhor acolhimento.
Quanto aos X-Wife e a White Haus, o futuro está em aberto. Os dois projetos mantém-se ativos, mas agora a prioridade é pegar na guitarra e dar voz a Wolf Manhattan.