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Legislativas na Roménia: vitória pró-UE mascara ascensão da extrema-direita alimentada pelo atraso na adesão ao espaço Schengen

Uma cabina de voto nas eleições romenas
Uma cabina de voto nas eleições romenas Direitos de autor  Andreea Alexandru/AP
Direitos de autor Andreea Alexandru/AP
De Dominika Cosic
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Roménia vai aderir ao espaço Schengen em janeiro de 2025, após 13 anos de espera. Os partidos pró-europeus ganharam as recentes eleições no país, mas os grupos de extrema-direita obtiveram uma quota de 30% dos votos, em parte devido à frustração com o atraso na adesão.

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Em janeiro de 2025, a Bulgária e a Roménia tornar-se-ão oficialmente membros do espaço Schengen, pondo fim a uma espera de 13 anos. No entanto, muitos consideram que chegou demasiado tarde.

As eleições parlamentares de domingo na Roménia podem ter trazido uma vitória para os partidos pró-europeus, mas a extrema-direita também foi uma grande vencedora, recebendo uma percentagem de votos historicamente elevada de 30%. A muito adiada adesão da Roménia ao espaço Schengen, que permitirá uma circulação totalmente livre na UE, foi crucial para o resultado da campanha.

A Roménia e a Bulgária aderiram à União Europeia em 2007, tendo as negociações de adesão ao espaço Schengen começado quatro anos mais tarde. Apesar da aprovação da Comissão Europeia, os Países Baixos e, mais tarde, a Áustria vetaram o processo.

Kamil Calus, investigador do Centro de Estudos Orientais da Polónia, afirmou que "o sentimento que prevalece neste momento na sociedade romena não é 'finalmente conseguimos', mas sim 'já era tempo'. Há também a sensação de que a Roménia se torna membro numa altura em que o espaço Schengen está a atravessar um período conturbado, com os países a imporem controlos nas fronteiras."

De facto, muitos países da UE começaram a reintroduzir controlos fronteiriços temporários desde 2015. Nos últimos meses, a Alemanha e França, entre outros, decidiram suspender temporariamente a circulação no espaço Schengen por razões de segurança.

"É verdade que também foram cometidos erros do lado da UE, mas a história de Schengen tem sido muito utilizada pelos partidos soberanistas e pela extrema-direita, que dizem que Bruxelas não nos trata como parceiros iguais. Penso que isto também contribui para um sentimento geral contra a UE", considera ainda Suzana Dragomir, investigadora especialista em desinformação na Universidade Babes Boyai.

"Penso que a questão passa por estarmos desiludidos com o Ocidente porque nem toda a gente beneficia da adesão à UE. As pessoas podem não estar a viver a sua pior vida, mas também sentem que a Roménia tem assistido a um crescimento económico devido ao aumento da desigualdade", acrescenta.

De acordo com um inquérito recente da GlobSec, 83% dos romenos apoiam a adesão do país à UE. No entanto, mais de 70% consideram que a UE dita o que eles fazem sem que o seu Governo possa influenciar.

Kamil Calus explica que "uma certa parte da população romena sente que é um cidadão de segunda classe da UE".

Um dos argumentos utilizados pelos partidos anti-sistema para apoiar esta tese foi o atraso nas negociações para a entrada no espaço Schengen.

As próximas semanas serão cruciais para a política romena, que assistirá agora ao início das negociações para a formação de um novo Governo. No domingo, realiza-se a segunda volta das eleições presidenciais, depois de o Tribunal Constitucional da Roménia ter considerado válidos os resultados da primeira volta. A segunda volta, que terá lugar a 8 de dezembro, verá o candidato pró-russo e de extrema-direita Colin Georgescu enfrentar a candidata pró-europeia Elena Lasconi.

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