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Inteligência Artificial nas escolas é a grande aposta da próxima década

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IA Direitos de autor  Kiichiro Sato/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
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De George Dimitropoulos & euronews
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A tecnologia pode melhorar a aprendizagem, reduzir as desigualdades e reforçar o pensamento crítico, mas com uma condição: tem de chegar a todo o lado.

A Inteligência Artificial (IA)já não é só uma promessa para o futuro da educação, é já uma concretização.

Desde sistemas de avaliação automatizados a plataformas que adaptam as aulas às necessidades de cada aluno, a sala de aula está a mudar a um ritmo que até ontem teria sido considerado ficção científica. Mas a transição não é uniforme; alguns países estão a correr à frente, outros mal conseguem acompanhar.

A Europa já iniciou o processo de implementação, a tecnologia pode melhorar a aprendizagem, reduzir as desigualdades e reforçar o pensamento crítico, mas com uma condição: tem de chegar a todo o lado.

Grécia: da experiência ao projeto nacional

Na Grécia, a integração da IA na educação passou de um projeto-piloto para uma estratégia estatal coerente.

Durante anos, escolas individuais em Atenas, Salónica e Creta testaram plataformas de avaliação online, produção automática de material e ensino à distância. Os resultados foram encorajadores, mas desiguais: onde existiam infraestruturas e professores formados, os progressos eram evidentes; noutras áreas, a tecnologia limitava-se a uma demonstração sem integração efetiva.

O passo decisivo foi dado a 5 de setembro, em Salónica. O Ministério da Educação apresentou o programa "Introduzir a IA nas escolas", com o apoio estratégico da Fundação Onassis e a colaboração da OpenAI.

A iniciativa envolve a introdução do ChatGPT Edu em 20 escolas secundárias do país, incluindo 6 escolas públicas Onassise escolas padrão e experimentais selecionadas.

As ferramentas de IA funcionarão num ambiente sem anúncios e em conformidade com o RGPD e serão supervisionadas pelo Ministério.

O "Tipping Point in Education" irá realizar a formação de professores, que é um requisito fundamental para que a tecnologia seja utilizada pedagogicamente e não superficialmente.

O panorama no país reflete tanto o progresso como a desigualdade. Os professores afirmam que a falta de formação e de apoio pode impedir a inovação, enquanto as escolas da região continuam a enfrentar problemas de conetividade. A grande questão que se coloca agora não é se a Grécia quer digitalizar a sua educação, mas sim se o pode fazer em todo o país ao mesmo ritmo.

Colaboração entre a Universidade do Pireu e a Google

O acordo entre a Universidade do Pireu, em Atenas, e a Google é mais uma indicação da aceleração da transição das universidades gregas para o ensino digital e a inteligência artificial.

O memorando de entendimento não se limita a um nível teórico, mas é acompanhado de ações educativas práticas, prontamente disponíveis para os estudantes e o pessoal.

Com acesso gratuito a ferramentas de IA e formação especializada, a Universidade do Pireu está a tentar criar uma nova geração de licenciados que conhecem, compreendem e utilizam tecnologias de ponta.

Espera-se que a iniciativa sirva de modelo para parcerias semelhantes entre universidades públicas e o setor privado, numa altura em que a proficiência digital é agora um pré-requisito para o desenvolvimento académico e as carreiras profissionais.

A disponibilização de ferramentas modernas de IA aos estudantes pode acelerar a investigação, a inovação e a criação de novas aplicações que reforçarão o ecossistema tecnológico grego. A aposta agora é continuar e expandir essas parcerias para que o conhecimento e as oportunidades cheguem ao maior número possível de jovens.

Inteligência Artificial para professores

O programa "IA para Professores" do KEDIVIM da Universidade de Patras é um marco para a comunidade educativa grega e europeia. Com quatro programas de ensino à distância certificados a nível universitário com ECTS exclusivamente para professores, a Universidade de Patras tornou-se a primeira na Europa a oferecer uma formação em IA organizada e reconhecida institucionalmente.

Desde 2023 até à data, dezenas de milhares de professores e conferencistas já participaram, obtendo um certificado universitário que melhora substancialmente as suas qualificações profissionais.

A renovação constante dos programas - já quatro vezes num ano e meio - demonstra a rapidez com que as ferramentas de IA estão a evoluir e a necessidade de formação contínua do pessoal docente.

O objetivo é criar um grupo nacional de 200 mil professores competentes na utilização da IA no ensino, para que a inovação possa passar da teoria à prática escolar quotidiana.

Se a Grécia conseguir reforçar a formação de igual modo em todo o sistema educativo, poderá assumir uma clara liderança na nova era digital da aprendizagem.

Uma Europa a duas velocidades

A situação a nível da UE é também ela desigual com os países em diferentes níveis.

  • Finlândia - A escola do futuro já cá está

Na Finlândia, os alunos do ensino secundário utilizam a IA para ajustar o ritmo de estudo. O sistema deteta os pontos fracos a nível linguístico e matemático, sugerindo exercícios personalizados.

Ao mesmo tempo, os professores recebem formação obrigatória em tecnologia e ferramentas digitais.

  • Alemanha - O financiamento existe, mas a implementação nem sempre

Apesar dos enormes recursos disponíveis, a cautela com a privacidade dos dados e a burocracia estão a atrasar a entrada da IA nas escolas.

Cada Estado está a agir de forma diferente, criando disparidades internas.

  • Espanha - Velocidade pioneira, falta de infraestruturas

Espanha está a experimentar sistemas de classificação por IA nas megacidades, mas as zonas rurais enfrentam frequentemente problemas de conetividade, deixando as crianças fora da educação digital.

  1. Itália e Portugal - Estão a investir fortemente, mas estão atrasados em termos de competências

Ambos os países estão a impulsionar as infraestruturas digitais e a formação de professores, mas a reforma ainda depende do governo local e do ritmo da formação de professores.

Em Portugal, a aposta na IA pretende transformar a forma como os alunos aprendem. Na Websummit, realizado em Lisboa no passado mês de novembro, o ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Matias, disse que uma das estratégias do Governo é “dar a cada aluno um tutor de IA que ouve, orienta e inspira a sua aprendizagem". Não foram adiantados mais detalhes, mas já há especialistas a criticar a proposta. O Executivo português deverá apresentar em breve a sua estratégia nacional para a inteligência artificial.

O papel do professor está a mudar, não a desaparecer

A IA assume as tarefas técnicas e burocráticas: correção de testes, criação de exercícios, acompanhamento dos progressos o que deixa espaço para um ensino centrado na compreensão, no diálogo e na criatividade.

Na Grécia, onde a relação professor-aluno continua a ser profundamente centrada no ser humano, o debate assume uma dimensão política e social: a tecnologia não deve substituir, mas sim melhorar o ser humano.

Os educadores alertam: sem formação, a IA corre o risco de se tornar impressionante mas inútil, mas com o apoio certo, pode tornar-se a ferramenta de aprendizagem mais poderosa das últimas décadas.

O novo fosso digital

Os vencedores do próximo dia serão os que tiverem acesso às ferramentas de IA. Os perdedores serão aqueles que não tiverem infraestruturas, dispositivos ou professores formados.

Para a Grécia, é isto que está verdadeiramente em causa. Saber se a IA se tornará um privilégio de algumas escolas, ou se será a base de um novo ensino público capaz de competir internacionalmente.

A tecnologia já está cá. A questão é saber quem se vai juntar a ela na próxima sala de aula - e quem vai ficar de fora.

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