A cimeira, a primeira a realizar-se em África, teve início no sábado com a reunião dos líderes da UE e dos seus homólogos das principais economias e das economias emergentes, enquanto o plano de paz proposto por Washington para a Ucrânia se desenrolava à margem da cimeira.
Os líderes do G20 adoptaram uma declaração que aborda a crise climática e outras questões globais no início da conferência do G20 na África do Sul, no sábado, uma declaração que surge no meio do boicote e da oposição dos EUA e enquanto os líderes da UE respondem a um plano de paz proposto pelos EUA para a Ucrânia.
A declaração de uma reunião à margem dos líderes europeus "reiterou que a implementação de elementos relacionados com a União Europeia e com a NATO necessitaria do consentimento dos membros da UE e da NATO, respetivamente".
A declaração foi feita no momento em que o plano de paz proposto por Washington para a Ucrânia se tornou um tema importante na abertura e à margem da cimeira do G20, no sábado.
A cimeira de dois dias, a primeira a ser realizada em África, teve início no sábado, com os líderes e os principais responsáveis governamentais das principais economias emergentes a reunirem-se em Joanesburgo, sem a participação dos EUA, na sequência do boicote do Presidente norte-americano, Donald Trump.
O porta-voz do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, disse aos jornalistas que a declaração adoptada na cimeira sobre a crise climática "não pode ser renegociada", ao referir-se à linguagem a que Washington se opôs.
"Tivemos o ano inteiro a trabalhar para esta adoção e a última semana foi bastante intensa", afirmou o porta-voz.
No seu discurso de abertura, Ramaphosa sublinhou a importância da reunião para todo o continente. "Como esta é a primeira cimeira de líderes do G-20 a ser realizada em África, ela carrega as esperanças e deve refletir as aspirações dos povos deste continente e do mundo", disse Ramaphosa.
O presidente sul-africano afirmou que é da responsabilidade de todos os participantes "não permitir que nada diminua o valor, a estatura e o impacto da primeira presidência africana do G20".
Entre os líderes, encontravam-se os principais responsáveis da União Europeia: a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o Presidente do Conselho, António Costa.
No seu discurso, na sessão do G20, von der Leyen sublinhou a importância da cimeira, apelando a um "crescimento económico inclusivo e sustentável que não deixe ninguém para trás".
"A resolução dos desequilíbrios mundiais exige uma ação coordenada e cooperativa: com a ajuda das nossas instituições internacionais — o FMI, a OMC e o Banco Mundial — devemos proceder a uma avaliação genuína dos desequilíbrios globais, em que as causas profundas sejam debatidas", afirmou Von der Leyen.
"A Europa tem de assumir as suas responsabilidades e impulsionar o investimento, mas repito: esta é uma responsabilidade colectiva", acrescentou.
UE quer "trabalho adicional" sobre o plano de paz de Trump para a Ucrânia
Apesar do boicote dos Estados Unidos e da presença de vários líderes europeus, o plano de paz proposto por Washington para a Ucrânia foi muito debatido nos bastidores da cimeira.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, reuniram-se para tentar encontrar alternativas a um plano dos EUA para travar a guerra de Moscovo contra a Ucrânia, quase quatro anos após a invasão do país vizinho.
O projeto inicial do plano de 28 pontos inclui elementos importantes que serão essenciais para uma paz justa e duradoura", afirmou a União Europeia numa declaração após uma reunião à margem da cimeira.
No entanto, disse: "Acreditamos que o projeto é uma base que exigirá trabalho adicional. Estamos prontos a empenhar-nos para garantir que uma paz futura seja sustentável."
"Estamos cientes do princípio de que as fronteiras não devem ser alteradas pela força", acrescentou a declaração da UE.
A resposta surge numa altura em que os países europeus, confrontados com a sua própria participação futura na luta da Ucrânia contra a Rússia, insistem em ser consultados nos esforços de paz.
As conversações de sábado, à margem do G20, em Joanesburgo, foram também uma demonstração de apoio a Kiev, depois de von der Leyen e o Presidente do Conselho da UE, António Costa, terem falado com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, por telefone, na sexta-feira.
Kiev e outras capitais europeias ficaram alarmadas com o projeto de 28 pontos para travar a agressão do Kremlin.
Num vídeo solene, Zelenskyy afirmou que a sua nação poderá ter de tomar uma decisão difícil entre defender os seus direitos soberanos e manter o apoio americano necessário.
O plano de paz dos EUA prevê a entrega de parte do território ucraniano à Rússia — algo que Kiev tem repetidamente excluído —, ao mesmo tempo que reduz a dimensão do seu exército, bloqueia o seu cobiçado caminho para a adesão à NATO e oferece garantias de segurança limitadas a Kiev.