Os meios de comunicação ucranianos noticiam que a Alemanha poderá vir a fornecer o míssil de cruzeiro Taurus a Kiev, referindo-se a uma declaração de Merz durante uma conferência de imprensa com o PM sueco.
Será que o Governo alemão decidiu fornecer o míssil de cruzeiro Taurus à Ucrânia? Após a conferência de imprensa com o primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson em Berlim, o chanceler Friedrich Merz disse que a Alemanha está a trabalhar intensamente com o governo ucraniano em projectos de "fogo de longo alcance".
"O exército ucraniano está a ser equipado com esses sistemas de armamento", disse Merz (CDU), que acrescentou que não seriam divulgados mais pormenores sobre o fornecimento de armas a Kiev. O objetivo é criar uma ambiguidade estratégica, para que "haja uma certa falta de clareza em relação ao lado russo sobre até que ponto estamos também a prestar apoio militar", explicou o chefe de governo alemão.
"Só posso dizer isto", continuou o chanceler. "Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para equipar o exército ucraniano com sistemas de armas com o alcance adequado. Nas próximas semanas e meses, se necessário, isso irá aumentar, incluindo a produção de tais sistemas de armas na própria Ucrânia."
De Scholz a Merz: a mesma resposta para o Taurus?
Será que isto significa que a Ucrânia poderá em breve ser equipada com o míssil de cruzeiro alemão Taurus?
Com um alcance de até 500 quilómetros, este míssil é considerado de longo alcance. Até agora, a atual coligação CDU/CSU e SPD, tal como o anterior governo da chamada "coligação semáforo" (SPD/FDP/Verdes) recusou equipar Kiev com o Taurus.
A decisão foi tomada pelo antigo chanceler federal Olaf Scholz durante o seu mandato. Justificou o seu "não" dizendo que o risco de a Alemanha se tornar beligerante era demasiado grande.
"Não devemos estar ligados aos alvos que este sistema atinge em qualquer ponto e em qualquer lugar", disse Scholz, aludindo ao alcance do míssil de cruzeiro. A distância entre a fronteira norte da Ucrânia e Moscovo é de cerca de 450 a 500 quilómetros em linha reta. O Taurus poderia, portanto, ser utilizado para atacar a capital russa, razão pela qual a entrega foi rigorosamente rejeitada.
No entanto, durante a campanha eleitoral, Merz manteve-se aberto à entrega do míssil de cruzeiro. No entanto, durante a sua primeira visita oficial à capital ucraniana, anunciou que o governo deixaria de publicar qualquer informação sobre as armas que estava a utilizar para apoiar a Ucrânia.
Até agora, também não há informações de que a arma se encontre na Ucrânia ou esteja a ser utilizada pelo exército ucraniano. Por conseguinte, pode presumir-se que o míssil de cruzeiro ainda não foi entregue à Ucrânia.
O ministro federal da Defesa, Boris Pistorius (SPD), foi questionado na semana passada, após a reunião dos ministros da Defesa do Grupo dos Cinco, se a Alemanha estava disposta a fornecer o Taurus à Ucrânia. Pistorius respondeu simplesmente que não podia comentar o assunto.
Do touro ao pássaro: será que o Flamingo vai substituir o Taurus?
No entanto, tal como Merz, reiterou que a indústria de defesa ucraniana está a receber apoio financeiro. Um comunicado de imprensa sobre o apoio à produção de armas de longo alcance na Ucrânia, de 28 de maio, afirma que "a Alemanha vai financiar a produção de sistemas de armas de longo alcance na Ucrânia no futuro".
"Um número considerável de sistemas de armas de longo alcance deverá ser produzido em 2025. Os sistemas de armamento estarão rapidamente disponíveis para as forças armadas ucranianas - os primeiros poderão ser instalados em apenas algumas semanas", afirma o comunicado de imprensa do Ministério da Defesa alemão, tal como noticiado anteriormente pela Euronews.
Não se sabe ao certo quais os sistemas de armas envolvidos.
Em agosto, a empresa de defesa ucraniana "Fire Point" apresentou o míssil de cruzeiro Flamingo fabricado na Ucrânia.
De acordo com a empresa, o nome do míssil pretende simbolizar o longo alcance de até 3000 quilómetros, a navegação precisa "leve" e a estabilidade do voo, semelhante ao voo da ave. Também não é claro se a Alemanha está envolvida no financiamento do míssil de cruzeiro ucraniano.