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Merz admite entregar mísseis Taurus a Kiev

Friedrich Merz, presidente do partido CDU, em Berlim, 9 de abril de 2025.
Friedrich Merz, presidente do partido CDU, em Berlim, 9 de abril de 2025. Direitos de autor  Ebrahim Noroozi/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
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De Johanna Urbancik
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Friedrich Merz, o futuro chanceler da CDU, pareceu estar aberto à entrega de mísseis de cruzeiro Taurus à Ucrânia.

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Durante muito tempo, o "não" da chancelaria federal da Alemanha foi claro quando se tratou da entrega dos mísseis de cruzeiro Taurus.

Mas Friedrich Merz, o futuro chanceler da CDU, parece estar a romper com a decisão do chanceler cessante Olaf Scholz e flexibilizou esta rejeição na noite de domingo em entrevista num programa no canal de televisão alemão ARD.

Merz comentou ainda o ataque russo à cidade ucraniana de Sumy, no domingo, que foi considerado um crime de guerra. "Orbán estava em Moscovo e três dias depois um hospital pediátrico foi bombardeado em Kiev", disse Merz. "Putin vê estas tentativas de negociação como fraqueza", explicou o líder da CDU.

"O exército ucraniano tem de sair da defensiva"

Merz já manifestou abertura muitas vezes à entrega de Taurus, incluindo numa entrevista à Spiegel no ano passado.

Sugeriu mesmo que as limitações ao alcance das armas existentes deveriam ser canceladas conjuntamente se a Rússia não parasse o bombardeamento de civis e infraestruturas civis no prazo de 24 horas e, se isso não fosse suficiente, os mísseis Taurus poderiam ser entregues em uma semana. Mas negou recentemente ter feito um ultimato.

No entanto, no domingo, Merz explicou que, após três anos de guerra contra a Rússia, a Ucrânia tem de sair da defensiva. "Eles [a Ucrânia] só reagem. Têm de ser capazes de determinar parte destes acontecimentos por si próprios. Os militares diriam: têm de se colocar à frente da situação", disse Merz.

Uma opção mencionada por Merz foi mesmo a destruição da ponte de Kerch, a mais importante ligação terrestre entre a Rússia e a península da Crimeia ocupada pelos russos. "Seria uma forma de finalmente colocar este país estrategicamente - para manter o termo - à frente da situação", explicou Merz, acrescentando que não estava convencido de que "Putin reagiria positivamente à fraqueza e às ofertas de paz".

Desde a ocupação em 2014, a Rússia transformou a península numa "enorme base militar russa", confirmou à Euronews o enviado da Crimeia à Ucrânia, Olha Kuryshko.

"Desde o início da invasão em grande escala, os médicos receberam ordens para dar prioridade aos militares. Isto significa que os medicamentos e o pessoal estão principalmente disponíveis para os soldados, enquanto os cidadãos comuns têm muitas vezes de esperar meses por tratamento ou medicação", explica Kuryshko.

Será o Taurus a "arma milagrosa" para a Ucrânia?

Há anos que a Ucrânia exige a entrega de mísseis de cruzeiro alemães Taurus, sobretudo para poder atingir infraestruturas estrategicamente importantes, como a ponte de Kerch. A ponte, que liga a Rússia à Crimeia ocupada, já foi atacada várias vezes: uma vez por um camião carregado de explosivos e, mais tarde, por sistemas de superfície não tripulados.

Chamas e fumo erguem-se da Ponte da Crimeia, que liga o continente russo e a península da Crimeia através do Estreito de Kerch, a 8 de outubro de 2022.
Chamas e fumo erguem-se da Ponte da Crimeia, que liga o continente russo e a península da Crimeia através do Estreito de Kerch, a 8 de outubro de 2022. AP

Até à data, nenhum ataque conseguiu destruir a ponte. O Taurus oferece um maior alcance do que os sistemas anteriormente utilizados, como o míssil de cruzeiro Scalp francês ou o míssil Storm Shadow britânico. Tem também a precisão necessária para destruir eficazmente alvos críticos como os pilares da ponte.

Merz referiu na televisão alemã que os parceiros da Ucrânia e da Alemanha, a Grã-Bretanha e a França, já estão a fornecer mísseis de cruzeiro à Ucrânia. A decisão sobre o fornecimento de mísseis Taurus só seria tomada em consulta com os parceiros europeus.

"Os parceiros europeus já estão a fornecer mísseis de cruzeiro. Os britânicos estão a fazê-lo, os franceses estão a fazê-lo, os americanos estão a fazê-lo de qualquer forma. É preciso coordenar tudo isto. E se for acordado, então a Alemanha deve participar", disse Merz.

Scholz sempre rejeitou a entrega de Taurus e preferiu a "prudência". Uma das razões que o levaram a tomar esta decisão foi o alcance do míssil de cruzeiro (cerca de 500 quilómetros) e o receio de que a Alemanha se tornasse parte na guerra com o seu lançamento.

Ao contrário da França ou do Reino Unido, a Alemanha não pode assumir o controlo dos alvos sem se envolver mais, de acordo com o direito internacional, disse Scholz.

A decisão do chanceler cessante do SPD foi constantemente criticada na Ucrânia. O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, por exemplo, disse à Euronews que acreditava que Scholz tinha simplesmente decidido, a certa altura, traçar uma linha vermelha e mostrar que, se diz não, é porque é. "É muito lamentável, mas ele tem o direito de o fazer".

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