Eleições na Galiza e no País Basco demonstram tendências

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A ardina de uma das ruas de santiago de Compostela nem sabe nem como apregoar o que se passou nestas eleições da Galiza e do País Basco…

Os resultados não são lineares e suscitam interrogações, não apenas em relação à política de austeridade do governo de Mariano Rajoy mas à zona euro.

Os habitantes das duas regiões estão a viver uma recessão e uma crise social sem precedentes, enquanto se aguarda a decisão sobre o plano de salvação para o país…e enviaram sinais diferentes.

Na Galiza, os resultados referendaram a política de Rajoy, que é filho da terra.

A vitória no feudo do Partido Popular tranquiliza, em certa medida, o governo de Madrid na análise dos resultados em geral e das perspetivas para os próximos escrutínios.

O chefe do governo regional, Alberto Nunez Feijoo viu o poder reforçado nestas eleições em parte porque cerca de um milhão de galegos não encontraram em quem votar e também por causa do descalabro socialista.

No País Basco decorreram as primeiras eleições sem ameaças terroristas. O PNV, liderado por Iñigo Urkullu elegeu 27 deputados, seguido da coligação de esquerda Bildu, com 21.

As forças nacionalistas bascas obtiveram 60% dos votos, uma situação sem precedentes desde 1990.

Além da crise, Mariano Rajoy enfrenta o maior desafio independentista da história de Espanha.
No dia 25 de novembro, há eleições na Catalunha, onde as sondagens dão a vitória ao nacionalista CIU.

O auge do separatismo catalão deu-se a 11 de setembro, quando se celebrou o Dia da Catalunha.

Mais de um milhão de pessoas manifestaram-se nas ruas pela independência da região mais rica de Espanha.

A Europa, que ganhou o Nobel da Paz pela consolidação dos membros, pode agora, com esta crise, ser obrigada a lidar com novas vagas independentistas.

Para falar das eleições regionais no País Basco e na Galiza, a euronews entrevistou o analista político e colaborador do diário ‘O País’, Josep Ramoneda, em Barcelona.

Vicenç Batalla, euronews – As sondagens acertaram e o Partido Popular do chefe do executivo espanhol, Mariano Rajoy, revalidou a maioria absoluta na Galiza, enquanto que, no País Basco, os nacionalistas, no conjunto, nunca tinham tido tão bons resultados. É a leitura de dois países diferentes?

Josep Ramoneda, analista político – Evidentemente que são dois países diferentes em que ganharam os que ganham desde sempre. Durante estes anos de democracia, o PP governou quase sempre na Galiza, salvo num período de duas legislaturas; e o Partido Nacionalista Basco, PNV, governou praticamente sozinho no País Basco, com exceção de uma legislatura de três anos do socialista Patxi López.
Assim, são os mesmos de sempre que ganham.
Na Galiza, o PP perdeu votos mas melhorou as posições, saiu reforçado e Rajoy ganhou tempo, não tanto por mérito próprio mas por ineficácia do PSOE. Os socialistas caíram na Galiza e no País Basco, tendência iniciada em 2010.

euronews – No País Basco, a deposição das armas da ETA possibilitou o regresso da esquerda abertzale às urnas e a obtenção do segundo lugar. Como vai esta presença no parlamento influir o futuro governo autónomo? Será que o país Basco também vai pedir a independência?

Josep Ramoneda – Atualmente temos um mapa mais realista do país basco. Ninguém ficou excluído das eleições, a violência já não condiciona as eleições, e conhecemos melhor a nossa situação.
É paradoxal, e mesmo doloroso, que os responsáveis pela legislatura socialista responsável pelo fim da violência no País Basco, e o governo de Zapatero, saiam derrotados desta história.

Por outro lado, e mais uma vez, quem sai beneficiada é a esquerda independista Bildu. Mas, mesmo para a coligação Bildu, as coisas vão ser bem mais complexas, porque vai ter de governar, o que não ser fácil. Nestas eleições já começaram a perder apoios nas câmaras que lideravam.

O PNV, um partido que é nacionalista e moderado, com um líder e futuro presidente do País Basco, é a imagem da força tranquila, de um homem muito prudente, muito sensato, muito distante, muito calculista, que tem a crise como prioridade principal.

Mas é verdade que os 60% que votaram constituem a força nacionalista, muito elevada…à medida que as coisas forem evoluindo na Catalunha, os efeitos vão sentir-se nas várias regiões.

É verdade que estas eleições confirmam que a Espanha está a entrar num período complicado e decisivo em relação à estrutura territorial e institucional.

euronews – Com esta maioria absoluta na Galiza, será que Rajoy está a ver aprovada a política de cortes, apesar dos protestos na rua?

Josep Ramoneda – Acho que não. Seria um engano o PP interpretar assim. Eles governaram sempre na Galiza, desta vez aumentaram a maioria em assentos parlamentares, não pelos resultados, mas por inépcia dos rivais. O PP perdeu 150 mil votos na Galiza, são muitos votos.
E é verdade que ganha tranquilidade, porque não tem oposição, não há alternativa. Se Rajoy não sair imune do resgate, outro governará em nome do PP.

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