Ali Larayedh: "Extremistas não vão impedir as eleições"

Ali Larayedh: "Extremistas não vão impedir as eleições"
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O primeiro-ministro tunisino, Ali Larayedh, esteve em Bruxelas esta terça-feira, dia 25 de junho, a convite da União Europeia e reuniu-se com os presidentes das instituições europeias: José Manuel Barroso, Herman Van Rompuy e Martin Shulz. Em entrevista à euronews, o chefe do governo da Tunísia anunciou a realização das eleições até ao final do ano e reforçou a posição da Tunísia na guerra da Síria.

Charles Salamé , euronews:
Hoje o governo tunisino foi recebido em Bruxelas. Pode revelar-nos um pouco sobre a reunião que teve os responsáveis das instituições europeias?

Ali Larayedh, primeiro-ministro tunisino:
Eu vim até Bruxelas dialogar e informar a todos os europeus que a Tunísia tem cumprido e respeitado as diferentes etapas para a construção de um Estado democrático, próspero e constitucional, onde reina a segurança após a revolução tunisina, que foi a primeira no mundo árabe e, que até agora, tem sido aquela que mais coisas conseguiu.

Os europeus queriam ter conhecimento da data das próximas eleições e nós informámos que o nosso governo quer que decorram naturalmente numa primeira fase até ao fim deste ano e sejam concluídas no mês de janeiro do próximo ano. As eleições são a base do nosso trabalho e nós vamos avançar a nesse sentido a um bom ritmo como temos feito até ao momento.

A Tunísia está comprometida com as reformas políticas e os resultados vão aparecer dentro de dois ou três anos. As nossas reformas já abrangeram vários setores. Estabelecemos parcerias entre o público e o privado, agora há maior controle na intervenção do Estado na economia, assim como no pagamento de impostos e a economia melhorou graças a estas reformas. Em 2012, a Tunísia teve um crescimento na ordem dos 3.6% e este ano pode atingir os 4%, uma melhoria significativa, ainda que a atual crise económica global não ajude a fomentar o nosso crescimento.

euronews:
Qual é a atual posição da Tunísia na Liga Árabe em relação sobretudo à guerra na Síria? Qual é a vossa posição oficial em relação à Síria? Muitos jihadistas tunisinos fugiram do país para lutar na Síria. O que pensa sobre isso?

Ali Larayedh, primeiro-ministro tunisino:
A Tunísia e os tunisinos apoiam e encorajam vivamente todas as soluções políticas que possam pôr fim à violência, poupar vidas humanas, prevenir mais mortes e evitar a destruição da Síria.
Em relação a esses tunisinos que se aventuraram na Síria ignorando aquilo que os espera e para onde eles vão, nós constatamos o fenómeno, que não é exclusivo da Tunísia. O governo já tomou medidas para impedir a deslocação de alguns jovens para a Síria para que não se deixem levar e influenciar e preparamo-nos para as consequências de quem já partiu. Tomamos medidas para garantir os interesses dos aventureiros tunisinos e ao mesmo tempo para aplicar no momento em que eles regressem.

euronews:
Eu sei que os governos não se intrometem nos trabalhos dos magistrados, mas na sua qualidade de chefe do governo tunisino, quais são as novidades na investigação do assassinato do advogado Beleid?

Ali Larayedh, primeiro-ministro tunisino:
Sobre o caso da morte do advogado Choukri Beleid, gostaria de dizer que logo após esse infeliz assassinato, foram criadas medidas e dispositivos de segurança importantes no país. Este assassinato foi um atentado contra a família do advogado Beleid, contra a Tunísia e contra aos tunisinos assim como contra ao processo político do país. Quanto ao inquérito, as investigações estão ainda a decorrer, há muitos indivíduos importantes que estão em fuga e que só eles podem responder a algumas perguntas por detrás deste crime. O assassinato de Choukri Beleid tem sido amplamente utilizado para atacar a política e os partidos políticos.

Eu estou consternado que este assassinato tenha servido para perturbar a situação geral na Tunísia e para influenciar negativamente a opinião pública. O governo tem trabalhado seriamente para clarificar o assassinato, descobrir quem atacou a Tunísia e o processo de transição democrática.

euronews:
euronews:
Senhor Larayedh, a imprensa tunisina pode finalmente exprimir-se de forma livre e a liberdade de imprensa foi uma das grandes conquistas da revolução. No entanto, a comissão europeia e o presidente José Manuel Durão Barroso, já pediram diretamente ao governo tunisino para incentivar a liberdade de expressão, há alguma preocupação com os julgamentos das mulheres do movimento femen.

Ali Larayedh Chef du Gouvernement Tunisien:
Depois da revolução, a justiça tornou-se independente na Tunísia. Tal como na Europa, os políticos recusam-se a comentar o trabalho dos juízes, nós vamos seguir o mesmo procedimento.

euronews:
Se as eleições na Tunísia se realizassem hoje, acredita que o partido Ennahda seria vencedor?

Ali Larayedh, primeiro-ministro tunisino:
Eu acho que o partido Ennahda vai continuar a ser o primeiro entre as escolhas dos tunisinos, mas é ainda demasiado cedo para prever um resultado final.

euronews:
As eleições vão decorrer normalmente sem a influência dos extremistas radicais religiosos?

Ali Larayedh, primeiro-ministro tunisino:
Há partidos e indivíduos que podem perturbar as eleições, como já acontece atualmente, mas não vão impedir sua a realização.

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