As economias dos BRICS face aos desafios de 2014

As economias dos BRICS face aos desafios de 2014
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As economias dos BRICS ganharam visibilidade nos últimos anos, mas o fenómeno parece agora menos relevante. Neste programa especial a partir do Fórum Económico Mundial, vamos falar das economias dos BRICS. Vamos analisar a sua robustez e de que modo estão a ser influenciadas pela recessão.

Colocadas na vanguarda do crescimento global, as economias dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – tiveram um percurso acidentado em 2013, mas 2014 promete mais desafios.

Fala-se este ano muito em Davos sobre o futuro dos novos mercados gigantes emergentes. Há quem preveja que em 2014 os BRICS venham a dar lugar aos novos emergentes – México, Indonésia, Nigéria e Turquia, também referidos sob a sigla MINT. O FMI , porém, recorda que os acrónimos da moda frequentemente não traduzem toda a história.

Alguns grupos de mercados emergentes incluem economias muito frágeis, segundo Zhu Min, responsável do FMI. Lembrando que “Os países com grandes défices de despesa corrente, dependem demasiado de capital externo, e os países que têm altos níveis de inflação, têm economias domésticas um pouco sobreaquecidas”, o economista do FMI sublinha que “Para estes países é muito importante tirar partido desta oportunidade de fazer reformas estruturais, para levar a cabo políticas de reconstrução do espaço fiscal e controlar a política monetária.”

O Brasil e a Índia – que fazem parte dos BRICS, e Indonésia e a Turquia – dos MINT, registam todos défices altos. Assim , apesar de ser expetativa generalizada uma melhoria das economias mundias em 2014, as opiniões estão divididas quanto ao desempenho dos mercados emergentes este ano.

A indústria automóvel é o principal indicador da saúde da economia global, pois quando a economia melhora, as pessoas compram carros. Sobre esta questão, falámos com Carlos Ghosn, presidente do conselho de administração da pareceria Renault-Nissan.

Isabelle Kumar, euronews: “Carlos Ghosn, obrigado por estar connosco. Agora que o seu império se estende ao globo, quais as áreas mundiais que considera de maior crescimento no mercado automóvel, em 2014?”

Carlos Ghosn:
“A China, sem sombra de dúvida.”

Isabelle Kumar, euronews:
“Vai entrar na China em 2016. Não lhe parece que já vai com algum atraso?”

Carlos Ghosn:
“Estou ao mesmo tempo já na China e a entrar na China. Como sabe, a Nissan é na China o maior fabricante japonês de automóveis, com cerca de 7% do mercado, e a Renault anunciou a entrada na China, o mercado chinês é-nos familiar e estamos muito otimistas sobre as oportunidades daquele mercado. No caso da Renault, o início de produção será em 2016, é esta a operação importante e a Renault tem potencial para alcançar pelo menos 3,5% do mercado chinês, num primeiro passo. Porquê 35%? Porque foi esta a nossa previsão para a Renault.”

Isabelle Kumar, euronews:
“E não o preocupa o abrandamento em curso na China?”

Carlos Ghosn:
“Nem por isso. E nem sequer vejo isso para 2014. Nos últimos dez anos, temos sempre alguém que no início do ano manifesta preocupação sobre a possibilidade de a China abrandar o crescimento, mas não aconteceu. O potencial do mercado chinês é ainda tão grande. mais de 90% das pessoas que compraram um carro em 2013 fizeram a sua primeira aquisição automóvel, o que quer dizer que o mercado chinês está a crescer, porque há muita gente a comprar carros pela primeira vez.”

Isabelle Kumar, euronews:
“Falando das economias mundiais, parece-lhe que a China é um caso à parte?”

Carlos Ghosn:
“A China mantém o crescimento médio dos BRICS a um nível muito mais alto e pensa em termos de investimentos em infra-estrutura, investimentos em educação – que são as forças de sustentação do crescimento económico. Estão a realizar um enorme trabalho e julgo que a Rússia, o Brasil e a Índia estão agora a tentar fazer é reforçar os investimentos em infra-estruturas e educação para alcançar o nível de crescimento de que necessitam ou que potencialmente podem ter.”

Isabelle Kumar, euronews:
“Fala-se dos MINT – México, Indonésia, Nigéria e Turquia – que planos tem a Renault para estes países?”

Carlos Ghosn:
“Avançamos. A Nissan é no México o principal fabricante de automóveis. A Renault está a vender, com grande dimensão na Turquia, que é um dos nossos maiores mercados. Temos investimentos na Índia, em Chennai, com uma produção prevista de 400 mil veículos por ano e estamos muito interessados em África. O que quero dizer, é que não existe nenhum país que tenha ficado esquecido por nós. Inteerssam-nos vários países e em particular, em África, há novas fronteiras para a indústria automóvel.”

Isabelle Kumar, euronews:
“E quanto à Europa?”

Carlos Ghosn:
“A Europa está a regressar. Depois de um declínio de cinco anos, quando o mercado europeu decresceu mais de 25%, temos pela primeira vez uma previsão positiva para 2014. Um crescimento de 1% não é muito, depois de uma descida de 25%, mas é bom ver esta inflexão no mercado europeu. Creio que a Europa estará num ritmo lento de crescimento para a indústria automóvel, graças à retoma de confiança dos consumidores. Estou cautelosamente otimista quanto às expectativas para o mercado europeu, mas nada será rápido, nada de significativo se passará nos próximos dois ou três anos.”

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Isabelle Kumar, euronews:
“Por fim, tem algumas prognósticos para 2014? Que deveríamos esperar?”

Carlos Ghosn:
“Diria que teremos um ano de recuperação. Recuperação na Europa, recuperação no Japão, recuperação em alguns dos mercados emergentes que não tiveram em 2013 um grande ano, como foi o caso do Brasil, Rússia e Índia, onde o mercado automóvel manteve a recuperação, para chegar ao nível anterior a 2013.”

Carlos Ghosn é conhecido como um dos mais talentoso líderes mundiais na indústria automóvel, e a questão da liderança é importante no Forúm Económico Mundial. No mundo global de negócios pós-crise, é evidente que as coorporações têm de se adaptar e inovar para se manterem ao de cima. Claro que as decisões estão na mão de quem está à frente das empresas.

Falámos com alguns dos delegados presentes em Davos, para saber que características deve ter um líder em 2014. Entre as opiniões que registámos, houve quem apontasse para a capacidade de colaborar, a visão global, ou ainda a agilidade cultural, num mundo de diferentes culturas.

O presidente do conselho de administração da Heidrick and Struggles – empresa especialista mundial em Executive Search e consultoria Estratégica – diz que os melhores líderes de amanhã necessitam todos de uma qualidade a que chama “globalismo”: Ser capaz de agir em diferentes culturas – e ser eficiente em todos os níveis de organização, são as capacidades chave de liderança que nos interessam”, frisou.

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No nosso próximo programa, analisaremos o papel das organizações humanitárias, que vêm a Davos recordar aos ricos e poderosos o privilégio de que usufruem e o potencial impacto positivo que podem ter no mundo.

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