África: As consequências do Ébola e as disparidades económicas

África: As consequências do Ébola e as disparidades económicas
De  Euronews
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O Programa Alimentar Mundial ajuda mais de dois milhões de pessoas nos países mais afetados pelo vírus Ébola na África Ocidental – Serra Leoa, Libéria e Guiné.

A epidemia matou mais de 8 mil pessoas e continua a ameaçar a segurança alimentar.

O tema é abordado no Fórum Económico Mundial, onde as ONG’s pressionam a manter a ajuda.

Segundo a jornalista Sarah Chappell, “as Nações Unidas dizem que se poderia erradicar o Ébola este ano. E mesmo sendo possível, os efeitos económicos do surto serão sentidos nos próximos anos”.

Isabelle Kumar, euronews – Winnie Byanyima, a ONG britânica Oxfam divulgou um relatório que afirma que 1% dos mais ricos do mundo vão ganhar mais de 50% da riqueza mundial. Há algum modo para reverter essa tendência?

Winnie Byanyima, Diretora Executiva, da Oxfam Internacional e co-presidente do Fórum Económico Mundial de 2015 – Sim, é possível inverter esta tendência, porque a desigualdade extrema não é um acidente, é o resultado de escolhas Escolhas políticas certas podem inverter a tendência.

euronews- E tem a certeza que as pessoas a ouvem aqui em Davos?

Byanyima – Sim, têm de ouvir, porque os líderes empresariais e os líderes políticos estão interessados numa sociedade estável, em que possem ter lucros e onde se governe bem. Assim, os líderes de negócios e líderes políticos começaram a passar a mensagem. Sabem que a extrema desigualdade cresce rapidamente e, a continuar assim, afetará o crescimento, não podemos erradicar a pobreza, é mau para a governamentação e muito mau para o bem-estar das sociedades.

euronews – Ao olhar para os países da África ocidental, atingidos pelo Ébola, deparamo-nos com a trágica ironia pelo facto de tão pouca gente ganhar tanto dinheiro que podia ser gasto a ajudar países como a Serra leoa, a Libéria e a Guiné.

Winnie Byanyima – Absolumente. Uma das vias para reduzir a extrema desigualdade, fixar um sistema mundial de impostos. Se as empresas que exploram as riquezas mundiais na Libéria e na Serra Leoa não pagarem impostos justos os países nunca terão os recursos necessários para ter sistemas de saúde pública que impeçam crise como a do Ébola.

euronews – Pensa que as pessoas, aqui em Davos, se vão comprometer sobre o dinheiro a dar às três nações?

Winnie Byanyima – Não é uma questão de compromisso. O Fórum Económico Mundial não é uma conferência de doadores, é uma conferência de trabalho. Podemos chegar a consenso em alguns pontos, como organizar uma cimeira sobre impostos, em que a comunidade internacional possa pôr-se de acordo sobre a regulamentação do sistema fiscal global, ou em destinar mais recursos para a saúde e educação públicas para serem gratuitas para todas as crian4as e todos os povos. Estes temas são consensuais para empresas e governos.

euronews – Já que falamos em África: pode falar-me de alguma região em que deposite grandes esperanças este ano, e outra que lhe inspire menos otimismo? Winnie Byanyima – Sou otimista porque, agora, África está a ter resultados positivos e um acentuado crescimento. É bom, positivo, e espero que continue. Mas não sou muito otimista quando esse crescimento é absorvido por uma grande parte da elite política, que trabalha em estreita colaboração com as multinacionais, quando vejo que esta riqueza não está a melhorar a vida das pessoas, no geral, não está a criar postos de trabalho, nem a dar-lhes saúde e educação. Temos de fazer mais para que esses recursos cheguem às pessoas.

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