Face à atual crise na Ucrânia, Barack Obama aproveitou a deslocação à capital europeia para sublinhar a vontade dos Estados Unidos em contribuir para a segurança da Europa.
Em Bruxelas, o presidente norte-americano reforçou a importância dos laços transatlânticos.
Obama não deixou de exprimir preocupação face às reduções nos orçamentos de Defesa de alguns dos aliados europeus e defendeu que a NATO precisa de contar com uma presença regular em países da Europa de Leste que se sentem vulneráveis face à Rússia, depois da anexação da Crimeia.
Para aprofundar o tema, a euronews falou com o analista Guillaume Xavier-Bender, investigador do Fundo Marshall Alemão.
James Franey, euronews: “A Ucrânia será um tema central na política externa de Obama nos próximos meses. Podemos dizer que o reequilíbrio a favor da Ásia vai ser radicalmente revisto? Que as fronteiras na Europa voltarão a ser o centro da política externa norte-americana daqui para a frente?”
Guillaume Xavier-Bender, investigador do Fundo Marshall Alemão: “A Europa nunca foi posta de lado, apesar do reposicionamento americano. A Europa sempre fez parte da política externa norte-americana, com os americanos a confiarem na capacidade dos europeus para manter a ordem dentro das suas fronteiras.
A Ucrânia talvez não altere o eixo central da política externa norte-americana mas é certo que envia um sinal forte aos americanos sobre a importância da relação com a Rússia e com a União Europeia, a qual tem de estar em destaque na agenda.”
euronews: “A Ucrânia pode provocar o renascimento da Nato?”
Guillame Xavier-Bender: “A Nato teve sempre um papel importante na Europa, apesar das novas operações ficarem muito longe das fronteiras europeias. Porém, sempre teve o seu papel.
O posicionamento dos europeus e da União Europeia vai ser crucial. Ou os Estados membros decidem realmente agir para construir uma política de defesa europeia ou esta crise, na Ucrânia, mostra que a Nato ainda é relevante para a defesa europeia e as capacidades serão canalizadas para a Aliança Atlântica.”
euronews: “Isso era uma das coisas que Obama disse quando esteve em Haia. Numa entrevista a um jornal holandês, apelou desejeitadamente a maiores investimentos na defesa europeia. Até que ponto é realista, tendo em conta o estado atual das finanças de alguns Estados membros?”
Guillame Xavier-Bender: “No contexto atual na Europa, não haverá um aumento considerável da despesa. Impedir novos cortes é um primeiro passo. A União Europeia já fez muito, mas ainda não chega. A cimeira da defesa, no ano passado (em dezembro), foi um primeiro passo para a mutualização, para a partilha dos recursos. Países como o Reino Unido, a França, a Alemanha e a Polónia estão empenhados em garantir que têm capacidade para defender a Europa – mas também é verdade que a Nato continua a existir. E se há algo de que os europeus estejam conscientes é que não podem defender a Europa sem os Estados Unidos.”