Talip Küçükcan: "Davutoglu vai trazer mais dinamismo (à Turquia)"

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A Turquia deu início esta quinta-feira a uma nova era da República fundada há 90 anos por Kemal Atatürk. Com a eleição – pela primeira vez de forma direta pelo povo – do novo Presidente, o país prepara-se também para mudar a Constituição. Pelo menos, esse é um dos objetivos prioritários a que se propõe os islamita Recep Tayyip Erdogan.

O até aqui primeiro-ministro não quer perder poder e, por isso, Erdogan pretende reforçar na Constituição os poderes do chefe do Estado, os quais são por estes dias na larga maioria meramente protocolares. Tornar a Turquia num regime presidencialista deverá ser, por isso, um dos primeiros pontos na agenda do novo Presidente.

Mas o primeiro ato de Erdogan será mesmo a nomeação do fiel amigo e delfim Ahmet Davutoglu como seu sucessor à frente do Governo. Isto depois de já lhe ter passado a liderança do AKP, o partido da Justiça e do Desenvolvimento.

A cerimónia de tomada de posse como Presidente não foi, contudo, pacífica. Os deputados do CHP, o partido Republicano do Povo e principal força de oposição ao AKP, boicotaram mesmo a ascensão de Erdogan, antecipando um mandato nada fácil para o novo chefe de Estado.

Os membros do AKP estão, claro, em festa e, tal como eles, todos os que são próximo de Erdogan veem radiante o futuro da Turquia. É o caso de Talip Küçükcan, diretor do Instituto para os Estudos sobre o Médio Oriente, professor de Sociologia e Religião na Universidade de Marmara, em Istambul, e amigo pessoal do novo Presidente.

Bora Bayraktar, euronews: O novo presidente já tomou posse. Como é que ele vai governar a Turquia?
Talip Küçükcan: Pela primeira vez na Turquia um presidente foi eleito por voto popular. Isto é novo. Por esta razão devemos ver isto como o início de uma nova era. Ele sublinha o facto de a Turquia estar em transição há 12 anos. Ele diz que vai continuar a haver mudanças. Este é um conceito que ele usa frequentemente. É o conceito da “Nova Turquia”. Podemos assumir que ele vai ter também uma postura ativa no campo da política externa. Ele levanta uma questão no documento em que expressa a sua visão sobre a presidência, que é a justiça global. Vimos isso no problema de Gaza, em ultrapassar a pobreza na Somália durante o seu mandato como primeiro-ministro. Ele vai tentar influenciar a comunidade internacional, as Nações Unidas para atingir o seu objetivo de justiça global e igualdade. Há certas diferenças entre a “Antiga” e a “Nova Turquia”. Não se trata apenas de retórica. Por conseguinte, na “Antiga Turquia” a participação política foi limitada e os direitos e liberdades foram restringidos. Foi também um período politicamente instável. Entre 1990 e 2000 houve eleições a cada ano e meio. Os meios de comunicação e o capital foram monopolizados. Mas a “Nova Turquia” significa um país mais plural e onde as reformas são feitas uma por uma, devido ao processo de integração na União Europeia, onde o impacto do militar é mínimo e a participação política está a aumentar.

Davutoglu lidera agora o AKP e o país. Que tipo de ministro ele vai ser?
Ahmet Davutoglu é um importante intelectual. O seu mandato como primeiro-ministro deve ser visto como a continuação dos 12 anos da governação do AKP, não como uma nova era. Ele vai trazer mais dinamismo e jovens quadros para o partido. Por causa da limitação de três mandatos, muitos deputados experientes vão ficar fora do Parlamento depois das próximas eleições gerais. Ahmet Davutoglu está consciente disto: o poder inteligente da Turquia aumenta juntamente com a sua consolidação, ao diminuir a polarização e o fortalecimento da democracia. Está relacionado com as relações da Turquia com a União Europeia.

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