As eleições gregas, do próximo domingo, estão a agitar as águas na Europa e, ultimamente, vários representantes europeus admitem criar melhores
As eleições gregas, do próximo domingo, estão a agitar as águas na Europa e, ultimamente, vários representantes europeus admitem criar melhores condições para o pagamento da dívida grega, um dos principais pontos do programa da coligação da esquerda radical,Syriza, que lidera as sondagens.
“A Grécia não vai sair do euro, nós não vamos tirá-la da zona euro”, garantiu o presidente da Comissão Europeia numa conferência em Paris.
O programa económico do Syriza, batizado “Programa de Salónica”, assenta em três pilares – “a luta contra a crise humanitária”, “o relançamento da economia com a estabilização do mercado” e “a reforma do Estado” – tem um custo total de 12 mil milhões de euros.
O partido Nova Democracia, liderado pelo primeiro-ministro cessante, Antonis Samaras, com pouca esperança de vitória na reta final, acusa o Syriza de querer implantar políticas aventureiras, que podem acabar com a classe média grega. Mas os analistas consideram que a coligação dos dois partidos do Governo, Nova Democracia e PASOK, não tem a simpatia de metade do eleitorado.
Dora Bakoyannis, candidata da Nova Democracia, é muito clara quanto âs consequências destas eleições:
- Os eleitores gregos têm de tomar uma decisão séria: ou votam em nós, e optam por manter um programa de reforma económica capaz de tirar o país da crise, ou votam no Syriza e colocam em risco o futuro da Grécia, provocando consequências imprevisíveis.
Mas a questão que hoje se coloca, mais do que o resultado da aliança do governo cessante, é saber se o Syriza consegue ou não a maioria absoluta de 151 assentos parlamentares.
Nikos Pappas, candidato do Syriza – O que SYRIZA precisa, no próximo domingo, é de conseguir, nas urnas, os meios para formar um governo forte, com uma maioria parlamentar clara. Um governo capaz de garantir a estabilidade política, que use o mandato popular para lutar por um novo acordo económico com os parceiros europeus.”
Sem maioria, o Syrisa terá de procurar novos aliados predispostos a fazer algumas concessões: “Parcerias sim, mas com regras e princípios”, decidiu já. Todos os candidatos, sejam eles membros do Syriza ou aliados, estarão sujeitos a um código de conduta, já aprovado pelo Secretariado Político. É uma questão a que o Syriza atribui especial importância, dado o património ético da esquerda, relativamente ao qual não admite qualquer desvio.
Dimitris Tsiodras, candidato do partido de centro-esquerda Potami, equaciona as hipóteses de coligação:
– Estamos prontos para colaborar com quem ficar à frente. Se a opção for o Syriza, a nossa condição é que a Grécia nunca se desvie da via europeia, se for a Nova Democracia, exigimos que se desembarasse dos elementos de ultra-direita e termine com a política de distribuir pelos seus membros os cargos de responsabilidade na função pública”. As sondagens apontam para 21% de indecisos, votos em branco e abstenções. A situação provocou uma campanha um pouco monótona e polarizada.
Angelos Koveos, analista político – O facto de esta campanha eleitoral, apesar da situação crítica do país, parecer igual à de 2012, demonstra que houve poucos progressos políticos. O meu receio é que, depois de 25 de janeiro, a grave crise económica que vivemos se transforme em crise política profunda.
“Estas são as eleições mais importantes da história moderna da Grécia, e o resultado pode levar a mudanças fundamentais dos modelos políticos, económicos e sociais do país”, conclui o repórter da euronews, Stamatis Giannisis.