Sadegh Zibakalam: "os que desejam o fim do regime do Irão têm de encarar a realidade"

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De  Euronews
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Em Lausanne, na Suíça, negoceia-se o futuro do programa nuclear do Irão, mas também o futuro de uma relação que foi cortada há 36 anos. Ainda que

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Em Lausanne, na Suíça, negoceia-se o futuro do programa nuclear do Irão, mas também o futuro de uma relação que foi cortada há 36 anos.
Ainda que nestes encontros estejam também o Reino Unido, a França, a Alemanha, a Rússia e a China…é principalmente entre os Estados Unidos e o Irão que se jogam todas as cartas.

Os negociadores ultrapassaram o data limite para apresentar as linhas gerais para um acordo, continuaram a discussão e, tanto de um lado como do outro, foram surgindo declarações de que os progressos, lentamente, estão a ser conseguidos.

O objetivo das seis potências é garantir que o programa nuclear do Irão não terá contornos militares. Teerão pretende que sejam removidas as sanções económicas impostas pelo ocidente, de forma imediata e completa.

A propósito das negociações sobre a produção nuclear iraniana em curso, falamos com o professor de Ciências Políticas em Teerão, Sadegh Ziba Kalalm.

Nima Ghadak, euronews – Apesar do importante progresso nas negociações, continua a haver problemas. Na sua opinião, o que está a bloqueiar o acordo entre o Irão e o G 5 + 1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha)?

*Sadegh Zibakalam – O primeiro obstáculo, até agora, foi a falta de confiança mútua entre o Irão e os Estados Unidos, nos últimos 36 anos. Há 19 meses, foi estabelecido um diálogo dos americanos com o governo iraniano para ganhar confiança. Se houver acordo sobre o dossiê nuclear, podem confiar neste executivo.
Mas os diplomatas que estão a negociar o acordo estão a ser pressionados pelos ultra-conservadores dos dois países. O governo de Obama também denota a pressão dos conservadores e de Israel, por isso os americanos querem que este acordo possa tranquilizar todos os interessados políticos nos Estados Unidos, de modo que o Irão, no dia em que quiser fabricar armas nucleares, tenha de perder muito tempo. Do lado iraniano, o regime pretende que as sanções sejam levantadas, o mais depressa possível.*

euronews – O responsável pelos serviços secretos israelitas afirmou hoje que, no caso de haver acordo em Lausanne, a opção de um ataque militar fica na mesa. Será uma mensagem para os negociadores na Suíça?

Sadegh Zibakalam – É preciso salientar que, nos dois lados, os ultras fazem a mesma coisa: no Irão, ontem, o general Naghdi, comandante em chefe dos Bassiji mais uma vez falou em apagar Isarel do mapa, ao mesmo tempo que o Irão negocia, é exatamente o equivalente do que disse do que disse o ministro responsável pelos serviços secretos de Isarel. É uma questão delicada, os que desejam o fim da República Islâmica do Irão não aprovam um acordo sobre o programa nuclear e o governo israelita é apenas um exemplo. Para os que desejam o fim do regime no Irão, um acordo força-os a encarar a realidade que a república islâmica tanto se esforça para dar a conhecer.

euronews – Apesar de estar em Teerão, o que espera o povo iraniano destas negociações?

Sadegh Zibakalam – Esta semana, os iranianos festejam o novo ano, estão de férias, mas, mesmo assim, estão atentos: ouvem rádio, durante as festas, vêem televisão para conhecer os resultados desta maratona em Lausanne. Tirando a guerra contra o Iraque, jamais houve tanta empatia entre o povo e o Estado iraniano sobre um assunto tão sensível.

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