Philae: "Olá Terra, consegues ouvir-me?"

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De  Maria-Joao Carvalho
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No dia 12 de Novembro de 2014, depois de uma viagem de 11 anos, o robô Philae iniciou a descida até ao Planeta “Tchouri”, para descansar no colo do

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No dia 12 de Novembro de 2014, depois de uma viagem de 11 anos, o robô Philae iniciou a descida até ao Planeta “Tchouri”, para descansar no colo do cometa, a 510 milhões de quilómetros da Terra, entre Júpiter e Marte. Mas à medida que o cometa se aproxima do Sol, atingindo a distância mínima a 13 de Agosto de 2015, talvez a manobra de rotação da sonda dê frutos e os seus paineis solares consigam receber um pouco mais de luz.

A sonda integra a missão Rosetta da ESA que tem vindo a perseguir o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko para saber mais sobre estes objetos e a sua aproximação ao Sol. A Rosetta é a nave-mãe que continua a perseguir o cometa e o Philae é o módulo que está cravado na superfície, o que acontece pela primeira vez numa missão deste género.

Stephan Ulamec, responsável pelo projeto: - O Philae está a falar connosco. A primeira cosia que disse foi que os harpões tinham disparado, depois retrairam e o trem de aterragem foi recolhido. Estamos na superfície e o Ogilar está a falar connosco.

O robô, que pesa 100 kg na Terra, é uma pluma no cometa, balançou duas vezes antes da aterragem, e acabou por pousar a 2 km do local previsto, numa colina agreste e sombria. mesmo assim, ainda enviou fotografias.

Depois de 57 h horas de atividades, esgotou a energia e entrou em hibernação, três dias depois. A ESA comunicou tudo pelo twitter.

Sete meses mais tarde, os cientistas receberam boas notícias:

Stephan Ulamec: - Esta noite, depois do longo período de hibernação do robô Philae, recebemos um sinal durante 85 segundos. Mas temos registos sobre a manutenção e os sistemas da sonda, como temperatura e energia dos paineis solares, e parece que o robo está bem e operacional.

A nave Rosetta perseguiu este cometa durante 10 anos e o robô Philae realizou a primeira “acometagem” da história da humanidade. Uma das primeiras amostras que recolheu e a nave-mãe analisou demonstrou que a água lá ( 67P/Churyumov-Gerasimenko) presente tem uma composição muito diferente da água existente nos oceanos terrestres.

Claudio Rosmino, euronews: “A partir de Darmstad, na Alemanha, falamos com o professor Paolo Ferro, que dirige a missão da Agência Espacial Europeia. Podemos dizer que o Philae está a iniciar a fase mais importante?”

Paolo Ferri: “A missão já estava numa fase muito importante, se tomarmos em consideração que o cometa estava num momento crucial de atividade. A Rosetta já estava a fazer um ótimo trabalho. O despertar do Philae põe tudo numa nova e ainda mais positiva perspetiva.”

euronews: “A última comunicação com o módulo tinha sido há sete meses. Estavam a perder as esperanças?”

Paolo Ferri: “Pensar que o sistema eletrónico esteve exposto, durante sete meses, a temperaturas extremas, com cem graus negativos, deixou-me cético acerca da possibilidade de que voltasse a despertar. Com o passar do tempo, estava cada vez mais pessimista. Mas alguém disse: ‘Vamos esperar até julho e manter-nos positivos’; e tinha razão!”

euronews: “Em que condição se encontra atualmente e quais são as próximas tarefas do Philae?”

Paolo Ferri: “Todos os sistemas estão agora ativos; o sistema de sobrevivência parece estar a funcionar bastante bem. As temperaturas estão numa escala positiva e ainda há energia suficiente. O que não sabemos, de momento, é o estado atual dos instrumentos. Por isso, primeiro que tudo, temos de tentar novos contactos com o Philae; os que tivemos foram limitados e precisamos de mais informações. A sequência principal foi testada pela última vez em novembro. Alguns dos testes deram resultados muito interessantes, enquanto outros ofereceram dados insuficientes. É por isso que devemos repeti-los. E também porque, atualmente, o cometa está mais ativo e a repetição de alguns dos testes feitos em novembro pode oferecer resultados novos e bastante interessantes.”

euronews: “De que forma a atividade do cometa e a sua aproximação ao Sol influenciam a missão? E pode isso contribuir para recarregar as baterias do Philae?”

Paolo Ferri: “Do ponto de vista do Philae, a aproximação ao Sol é bastante positiva. Foi por essa razão que ele acordou. A superfície aqueceu e o Philae encontra-se agora na estação do ‘Verão’. O impacto negativo é sobretudo a respeito da Rosetta, que tem que lutar num contexto mais dinâmico e mais ‘sujo’, já que à volta dela há alguma poeira. Por isso, precisamos agora de nos afastar um pouco do cometa. Mas isso é algo que já tinhamos previsto. Estamos agora a cerca de 200 quilómetros de distância. Para o funcionamento do Philae, seria melhor estar mais perto, mas para a segurança da Rosetta, é melhor estar mais longe. Esta será uma fase bastante crítica e os dois fatores serão avaliados cuidadosamente todos os dias.”

euronews: “Conseguiram localizar onde está o Philae?”

Paolo Ferri: “Só teremos a certeza quando nos conseguirmos aproximar finalmente do cometa e tirar algumas fotografias, o que só acontecerá nos últimos meses do ano. Até ao fim de agosto será impossível aproximar-se do cometa.”

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euronews: “Professor Ferri, obrigado pela disponibilidade e felicitações!”

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