O Brexit deixa o Reino desunido

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De  Antonio Oliveira E Silva  com SARAH JOANNE TAYLOR E THOMAS SEYMAT
O Brexit deixa o Reino desunido

O Reino Unido já conhece os resultados do referendo sobre a saída ou permanência na União Europeia (UE). E o Brexit, ou seja, o abandono da UE, é já uma realidade que deverá dominar os encontros em Bruxelas a curto e a médio prazo.

A Escócia deve manter-se aberta a todas as possibilidades.

Nicola Sturgeon Chefe do Governo escocês

No entanto, o sentido de voto não foi homogéneo em todo o território britânico. Enquanto a Inglaterra e o País de Gales votaram largamente a favor da saída da União, a Escócia e a Irlanda do Norte (Ulster) votaram a favor da permanência do Reino Unido na UE.

O Caso escocês

Nicola Sturgeon, líder do Governo da Escócia, feroz partidária da permanência do Reino Unido na UE, disse, mesmo antes de conhecidos os resultados, que a região teria de tomar uma posição caso o Brexit ganhasse.

“Desejo um resultado a favor da permanência do Reino Unido na UE em todo o território. Espero que seja esse o motivo da celebração de sexta-feira. Nas últimas eleições escocesas, dissemos que, caso saíssemos da UE contra a nossa vontade, o parlamento escocês não teria outra opção que pedir um segundo referendo,” disse a chefe do Governo escocês.

Nicola Sturgeon deverá agora reunir figuras destacadas do Partido Nacional Escocês (Scottish National Party, SNP) para decidir qual será o próximo passo. Pedirá a Escócia a realização de um novo referendo para a independência do Reino Unido?

Patrick Harvie, do Partido Ecologista Escocês (Scottish Green Party, SGP) disse que o seu partido poderia apoiar um segundo referendo acerca de independência.

“A Escócia deve manter-se aberta a todas as possibilidades de forma a proteger-se contra este tipo de ameaça”, disse Harvie.

“O parlamento escocês terá de estar representado nas negociações sobre o futuro e os próximos passos. Devemos estabelecer um plano de ação entre os diferentes partidos, para que possamos defender os nossos direitos como cidadãos da UE.”

A primeira-ministra precisa dos seis votos do SGP para levar avante a sua iniciativa no Holyrood (parlaento escocês) e para que seja convocado um novo referendo. Mas Patrick Harvie já disse que apenas apoiará a iniciativa se houver pelo menos um milhão de eleitores a favor da mesma.

A Irlanda do Norte, um caso diferente

Para o partido republicano irlandês Sinn Féin. o Governo britânico “comprometeu o seu mandato como representante dos interesses políticos e económicos do povo da Irlanda do Norte.”

Declan Kearney, dirigente nacional do partido, disse, pouco antes de serem conhecidos os resultados oficiais, que “tudo indicava que os votos ingleses iriam minar a vontade democrática do povo da Irlanda do Norte. Tanto republicanos como unionistas, católicos como protestantes votaram a favor da permanência na União Europeia.”

Antes do referendo, o primeiro-ministro da Irlanda do Norte e também membro do partido Sinn Féin, Martin McGuiness, pediu a realização de um referendo sobre o futuro do território como parte integrante do Reino Unido. No entanto, as sondagens sobre o assunto demonstraram que a maioria do eleitorado votaria pela permanência do Ulster no Reino Unido.