Grécia pede cooperação internacional na identificação dos imigrantes naufragados

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De  Maria Barradas  com Reuters
Grécia pede cooperação internacional na identificação dos imigrantes naufragados

Para milhares de imigrantes sírios chegados à Grécia, o futuro é mais do que incerto.
Mas, muitos outros, infelizmente, perderam a vida no mar a tentar fugir da guerra.
Os serviços forenses gregos não têm mãos a medir para tentarem identificar os corpos dos que pereceram nas travassias da costa turca até às diversas ilhas gregas.

"Precisamos de criar bases de dados e não só para um país. Precisamos de bases de dados compatíveis umas com as outras para podermos trocar informações"

Penelope Miniati Diretora da Divisão Científica da Polícia grega

A diretora da divisão científica da polícia grega, Penelope Miniati, lança agora um apelo à cooperação entre os serviços forenses dos diversos países confrontados com este drama dos imigrantes sírios.

“Precisamos de criar bases de dados e não só para um país. Precisamos de bases de dados compatíveis umas com as outras para podermos trocar informações”, afirma, exemplificando:
“Por exemplo, enviaram-nos uma amostra de ADN de um bebé afogado, que foi encontrado na ilha de Samos. Não sabiam de onde vinha nem em que barco, nem quando ocorreu o naufrágio. Conseguimos através da nossa base de dados encontrar uma ligação com um naufrágio ocorrido entre a ilha de Kalymnos e o ilhéu de Kalolimnos, foi a única maneira. Nunca teríamos conseguido identificá-lo se não tivéssemos todos os dados concentrados numa base.”

A identificação das vítimas é um processo fundamental para os familiares sobreviventes , para que possam saber onde estão os corpos e fazer o luto.

“O nosso número de telefone é bastante conhecido e muitas vezes as pessoas ligam-nos dizendo que não conseguem obter informações sobre os familiares desaparecidos e nós tentamos fazer a ligação entre os acontecimentos, ainda que isso não seja a nossa função”, explica Penelope Miniati.

Desde outubro, os serviços forenses de Atenas já registaram 647 vítimas dos naufrágios, mas nem todos os familiares destas vítimas se encontram na Grécia.

“Não há fronteiras nesta crise. Estas pessoas estão em trânsito para qualquer sítio. Vão recomeçar a vida noutro local e querem saber, tal como nós gregos quando emigrámos. Há famílias que perderam membros que nunca mais souberam o que lhes aconteceu. É importante para eles saberem o que aconteceu aos que ficaram para trás”.

Na ilha de Lesbos, um olival foi transformado em cemitério para os imigrantes. As sepulturas têm um número de identificação, a data em que os corpos foram encontrados e uma idade estimada pelas autoridades.