União Europeia: Juncker enfrenta "multiplicidade de crises", diz analista

União Europeia: Juncker enfrenta "multiplicidade de crises", diz analista
De  Isabel Marques da Silva
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Para analisar o discurso sobre o Estado da União, por Jean-Claude Juncker, o correspondente da euronews em Bruxelas, Grégoire Lory, entrevistou Vivien Pertusot, responsável da delegação do Instituto F

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Para analisar o discurso sobre o Estado da União, por Jean-Claude Juncker, o correspondente da euronews em Bruxelas, Grégoire Lory, entrevistou Vivien Pertusot, responsável pela delegação do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI) na capital belga.

Grégoire Lory/euronews: “No seu discurso, Jean-Claude Juncker abordou uma série muito longa de temas. Não foi excessivo nessa abordagem para um discurso sobre o Estado da União?”

Vivien Pertusot/IFRI: “É verdade que, no ano passado, o seu discurso sobre o Estado da União se centrou, em grande medida, nas questões da migração. Mostrou-se muito entusiasmado por esta área e lembramo-nos bem do discurso por causa disso. Agora fez um discurso sobre o estado da União mais consensual, recordando algumas medidas que já tinham sido tomadas, depois anunciou as que foram tomadas agora e outras que o serão nos próximos meses.

Mas, na verdade, não podemos dizer que haja um fio condutor, algo que sobressaia no seu discurso. Se isso é bom ou não, é difícil dizer. Não podemos ignorar que há desafios de variada natureza na União Europeia, como o próprio Jean-Claude Juncker salientou. Falou de uma multiplicidade de crises e existem, de facto, muitas frentes para para trabalhar simultaneamente. Logo, talvez o discurso seja um reflexo desta situação, tendo Juncker optado por um discurso mais generalista, mais amplo nos tópicos que escolheu abordar.
Mas é verdade que é muito difícil eleger duas ou três prioridades fortes porque deu uma impressão de ter sido um discurso muito bem orquestrado, atribuindo determinado número de minutos a cada um dos temas”.

Grégoire Lory/euronews: “Em geral, como classifica este desempenho?”

Vivien Pertusot/IFRI: “Ele usou um tom bastante sério. Penso que está consciente – e tem-no dito desde que se tornou líder da Comissão Europeia – que a Comissão tem uma grande responsabilidade na popularidade ou impopularidade da União Europeia aos olhos dos cidadãos europeus. Por isso está empenhado em mostrar que compreende a situação e tenta apresentar políticas para ir de encontro, precisamente, a essas expectativas dos cidadãos. Será suficiente? É difícil dizer.

Houve um assunto que abordou ligeiramente e que é muito importante para os cidadãos, que é o aspeto social da União Europeia. Limitou-se a referir, de passagem, que a União Europeia não tem um caris suficientemente social. Mas, num discurso em 2014, ele falou muito deste tema e há grandes expetativas sobre as questões sociais, que têm sido postas de lado desde o seu discurso, em julho 2014, quando apresentou o seu programa para o mandato que ganhou.

Juncker sabe que a situação é grave e que a Comissão Europeia tem um papel importante a desempenhar, tendo, por isso, apresentado algumas propostas sobre algumas questões, mas noutras penso que poderia ter ido mais longe. Ou, talvez, ter destacado um menor número de prioridades, para que houvesse mais clareza. Foi um discurso complexo que tentou responder a várias questões, mas falta este fio condutor que é importante no diálogo com os cidadãos”.

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