Mário Soares (1924-2017): Percurso de um resistente

Mário Soares (1924-2017): Percurso de um resistente
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Marcelo Caetano tinha-lhe previsto um futuro brilhante "se se deixasse de veleidades políticas" - o que não aconteceu, diz a História.

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Mário Soares foi um dos protagonistas da transição para a democracia em Portugal, paixão politica que lhe custou cerca de três anos na prisão e o exílio em França. Foi durante esse exílio que o Partido Socialista português nasceu, ainda na clandestinidade, em 1973, com uma reunião na Alemanha.

Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em Lisboa, a 7 de dezembro de 1924 e formou-se em Historico-Filosóficas e Direito. Teve como professores Álvaro Cunhal e Marcelo Caetano, que lhe previu um futuro brilhante “se se deixasse de veleidades políticas” – o que não aconteceu. Advogado, foi redator e signatário do Programa para a Democratização da República em 1961. Em 1965 e em 1969 candidatou-se a deputado pela Oposição Democrática.

Preso 12 vezes pela PIDE, exilou-se em Paris e foi daí que partiu, a 25 de abril de 1974, no chamado “comboio da liberdade”, chegando a Portugal três dias depois. Tornou-se ministro dos Negócios Estrangeiros, encarregado de organizar a descolonização e o estabelecimento de novas pontes diplomáticas. Em 1975, o comício na Fonte Luminosa foi decisivo para travar o avanço do PCP.

Mas foi a entrada na Comunidade Económica Europeia, em 1985, que marcou o ponto alto da sua carreira, enquanto primeiro-ministro do IX Governo Constitucional. Sobre esse desígnio disse na altura: “Portugal está pronto para contribuir equilibradamente para este esforço coletivo”.

Perdidas as eleições legislativas seguintes, ganhas pelo PSD, Soares candidatou-se às presidenciais de 1986, que ganhou com o apoio de independentes e da restante esquerda. Seria reeleito até 1996. Foi uma década marcada pela difícil coabitação com Cavaco Silva, então primeiro-ministro pelo PSD. Dez anos depois de deixar Belém, voltou a concorrer à presidência, mas perdeu para Cavaco Silva, que também ficaria no cargo durante dez anos.

Esse regresso à política nacional ocorreu depois de uma passagem pela política europeia mais ativa, como eurodeputado, entre 1999 e 2004. Se muitos lembram a deselegância com que reagiu à derrota, face a Nicole Fontaine, na corrida à presidência do PE, outros lembram, desse período, a defesa sempre ativa dos valores da União Europeia, mesmo quando o projeto entrou em crise: “Podemos assistir a grandes revoltas dentro da Europa por as pessoas não quererem que a Europa seja isto. A Europa é uma outra coisa, a Europa é uma terra de ideal, de bem-estar social e de respeito pelo próximo”, dizia numa entrevista recente à euronews.

A democratização, o estabelecimento de relações diplomáticas com o mundo e a plena integração europeia marcam as ultimas quatro décadas da história de Portugal, nas quais Mário Soares deixou a sua assinatura.

Luto Nacional

O primeiro-ministro português António Costa decretou três dias de luto nacional e a realização de um funeral com honras militares. Foi um dos muitos líderes mundiais a lamentar a morte do ex-PR:

Perdemos aquele que foi tantas vezes o rosto e a voz da nossa Liberdade. pic.twitter.com/k7eOpMek5w

— António Costa (@antoniocostapm) January 7, 2017

O Partido Socialista foi uma das primeiras instituições a reagir, antes ainda do anúncio oficial da morte, por parte do hospital:

Também o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, ou o grupo socialista no Parlamento Europeu, lamentaram a morte de Soares:

Mi sentido pésame al pueblo portugués y a la familia de Mário Soares, gran europeísta y hombre decisivo en la democracia lusa. MR

— Mariano Rajoy Brey (@marianorajoy) January 7, 2017

The whole of Europe is mourning the death of former Portuguese president Mario Soares, a father of democracy after years of dictatorship

— S&D Group (@TheProgressives) January 7, 2017

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