Turistas britânicos regressam à Grécia e persistem em Portugal

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De  Francisco Marques
Turistas britânicos regressam à Grécia e persistem em Portugal

Portugal continua em alta como destino do mercado turístico do Reino Unido e a Grécia está em grande recuperação nas preferências dos britânicos face ao declínio do ano passado motivado pelas constantes notícias sobre a crise de migrantes e refugiados que afetavam as ilhas helénicas.

Estas são, pelo menos, as conclusões possíveis de retirar dos resultados para o primeiro trimestre do respetivo ano fiscal apresentados pela Thomas Cook, a segunda maior agência de turismo do Reino Unido atrás da Tui, que registou perdas de 49,1 milhoes de libras (57,5 milhoes de euros) entre outubro e dezembro de 2016.

A reboque do referendo de junho que ditou o “Brexit” e a consequente desvalorização da libra esterlina, operadora do Reino Unido sublinha um aumento médio de nove por cento, em termos anuais, no preço dos pacotes de férias oferecidos aos britânicos no estrangeiro.

Antevendo dificuldades motivadas pela iminente saída britânica da União Europeia (“Brexit”) e com o declínio da procura pela Turquia a manter-se, a Thomas Cook reforçou a presença como intermediária para destinos como Portugal, Grécia ou Croácia e parece estar a beneficiar com a aposta.

“As reservas para a Grécia estão atualmente a subir mais de 40 por cento (face ao ano passado), enquanto a procura de destinos como Chipre, Bulgária, Portugal e Croácia segue também intensa. A tendência positiva destes mercados está a compensar a continuada queda na procura pela Turquia”, admitiu Peter Fankhauser, o diretor executivo da Thomas Cook.

A agência já terá vendido 31 por cento dos pacotes de férias de verão disponíveis para este ano — mais dois por cento que no ano passado. Mas assume alguma “cautela” com o resto do ano “devido à incerteza política e à perspetiva económica” para o Reino Unido.

As receitas do operador britânico subiram 14 milhões de libras (16,4 milhões de euros) para 1,6 mil milhões de libras (1,8 mil milhões de euros) impulsionadas pelo aumento na venda de férias para Espanha e Grécia.

O jornal britânico The Independent avança a subida de preços na hotelaria espanhola para explicar o “regresso” em força dos britânicos à Grécia.

Espanha e Portugal são, ainda assim, os destinos preferidos dos britânicos. Os dados espanhóis sublinham um recorde de visitas de turistas britânicos durante o ano passado, com mais de 12 por cento para um máximo de 17,8 milhões de turistas britânicos — mais seis milhões do que os vizinhos franceses a quem basta apenas cruzar a fronteira.

Em Portugal, o Algarve, por exemplo, registou no ano passado um aumento de sete por cento na taxa de dormidas e com o maior peso desta ocupação a ser britânico. Outro destino preferido dos britânicos em Portugal, a Madeira, apresenta uma das mais altas médias de ocupação anual, acima dos 70 por cento.

Com a instabilidade a manter-se em alguns dos mercados concorrenciais e o reforço das campanhas promocionais, Portugal registou um aumento de 13 por cento de visitantes no final de 2016, indica o relatório do último trimestre do ano passado divulgado pela Comissão Europeia de Viagens.

Portugal pode vir a atrair ainda mais britânicos este ano, sendo um dos mercados mais acessíveis a agora mais frágil moeda britânica, além de manter as tendências altamente positivas entre as preferências de brasileiros (2016 registou, até novembro, mais 94 por cento de visitantes brasileiros em Portugal do que em 2015), norte-americanos (mais 29,5 por cento em 2016) e irlandeses (mais 35,6 por cento).