Malmö é mesmo a "capital da violação" que Farage denunciou?

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Nigel Farage afirmou haver uma ligação entre o aumento de crimes sexuais na Suécia e a entrada de migrantes no país. Fomos verificar os números.

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Primeiro, foi Donald Trump a falar num alegado “ataque” quetinha ocorrido na Suécia. “Qual ataque?”, perguntaram em massa os suecos e o episódio deu origem a um sem número de paródias sobre o assunto. Mas depois veio Nigel Farage falar também sobre este país escandinavo. O antigo líder do UKIP, próximo do presidente americano, afirmou haver uma ligação entre o aumento de crimes sexuais na Suécia e a entrada de migrantes no país. Fomos verificar os números.

Nas declarações que fez à rádio LBC, Farage afirmou que “a Suécia tem acolhido mais jovens migrantes do sexo masculino do que qualquer outro país na Europa. Foi registada uma subida dramática na quantidade de crimes sexuais no país. Malmö tornou-se na capital europeia da violação”.

Malmo in Sweden is the rape capital of Europe due to EU migrant policies. Anyone who says there isn't a problem is lying to you. pic.twitter.com/Aw7GvsECeX

— Nigel Farage (@Nigel_Farage) February 20, 2017

O que dizem os números?

Em 2015, a Suécia recebeu 162 mil pedidos de asilo, um dos mais elevados da Europa em termos proporcionais, relativamente à população do país. De acordo com o Eurostat, 46 mil das solicitações vieram de homens na faixa etária 18-34 anos de idade.

Segundo dados disponibilizados pela ONU, o pico deste fenómeno aconteceu antes da vaga de migração rumo à Europa, em 2014: o número de violações por cada 100 mil habitantes era de 64,9 (em 2003, era de 25). Mas em 2015, ano em que chegaram mais migrantes, as ocorrências caíram cerca de 11%. As estatísticas preliminares para 2016 indicam uma realidade de novo próxima da evidenciada em 2014.

O governo sueco reconhece que os números são elevados no contexto europeu, mas relembra que a legislação específica é muito mais dura do que nos outros países, o que encoraja as pessoas a apresentar queixa, dificultando pontos de comparação, uma vez que a listagem de crimes e penalizações é bastante mais vasta.

Na verdade, desde que a lei sueca mudou, em 2005, o número de casos registados quase duplicou.

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