O mundo visionário das "cidades inteligentes"

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As grandes aglomerações debatem-se com problemas no alojamento, nos transportes, na poluição. As "cidades inteligentes" propõem toda uma nova perspetiva.

Dois em cada três europeus vivem na cidade. Afinal, é nas grandes aglomerações urbanas que se concentram mais oportunidade de trabalho. Mas a verdade é que isso aumenta também a pressão no setor do alojamento, nos transportes, nos índices de poluição. As megalópoles procuram urgentemente soluções. Outras cidades, como Valência, em Espanha, têm avançado com várias propostas para se tornaremcidades inteligentes.

Na Europa, cerca de 80% da energia disponível é consumida nas cidades. E é nos centros urbanos que se gera 85% do PIB europeu. Segundo as estimativas, a população urbana vai duplicar daqui até 2050. É, por isso, uma boa altura para falar do conceito de cidade inteligente.

Otimizar a vida coletiva

O caminho do quotidiano costuma estar traçado, entre o tempo de repouso, de trabalho e de lazer. Nas cidades inteligentes, onde as comunicações e as tecnologias de informação são apuradas, tudo isto pode ser otimizado.

É possível, por exemplo, saber a hora precisa a que passa o autocarro, as sinalizações rodoviárias adaptam-se automaticamente para evitar filas e ajudar a encontrar estacionamento, há sensores para ativar a iluminação pública e lançar alertas se os níveis de poluição derraparem.

As cidades inteligentes integram todos os elementos da vida urbana para criar uma plataforma tecnológica que facilita a interação entre cidadãos, empresas e entidades públicas.

#EUFACT Did u know Europe can tap into #ERDF upto €15 bln for Urban Development Plans? No excuse to not become a #SmartCity with funding

— Maithreyi (@maithreyi_s) 16 février 2017

Até agora, o conceito era mais direcionado para ajudar a gerir grandes aglomerações, como Barcelona ou Amesterdão, mas outras cidades já estão a implementar a estratégia. O Reino Unido, a Espanha e a Itália lideram o caminho na Europa.

O exemplo de Valência

O desenvolvimento urbano está no centro do programa comunitário Horizonte 2020. Uma grande fatia do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) destina-se precisamente à evolução das cidades inteligentes, juntamente com outros fundos locais e nacionais. Porquê? Porque, após a crise, face aos cortes orçamentais, as cidades têm dificuldades em obter financiamento para melhorar as infraestruturas.

O grande impulso rumo à inovação tecnológica urbana em Valência surgiu em 2012. A AppValencia, por exemplo, é uma das aplicações disponíveis para obter dados sobre os transportes públicos desta cidade, mas também serve para receber alertas ou pagar contas. Faz parte da primeira plataforma de gestão em tempo real de Espanha.

¿Dónde está ahora en #AppValencia la opción de remitir “incidencias en la vía pública? En Trámites y gestiones #infopic.twitter.com/RDwrzsNYO6

— fomenta la bici (@valenbisi_es) 21 septembre 2016

“É uma plataforma horizontal, no sentido em que se pretende integrar toda a informação proveniente dos diferentes serviços, assim como informação do exterior, gerada pelas empresas e mesmo pelos cidadãos. O setor privado pode desenvolver aplicações que beneficiam a cidade, pode criar soluções para determinados serviços. É um modelo de negócios rentável”, diz-nos Rafael Monterde-Díaz, do centro de inovação Las Naves.

Valência tem um programa operacional no valor de mais de mil milhões de euros para o período entre 2014 e 2020. Cerca de metade do orçamento provém dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento. Um dos setores que está a mudar rapidamente é o controlo do tráfego rodoviário.

“Controlamos em tempo real a situação nas principais avenidas da cidade. Podemos, por exemplo, mudar a alternância de cores dos semáforos para agilizar a circulação em caso de emergência ou evitar engarrafamentos”, explica Rafael Monterde-Díaz.

Valencia Cité des sciences#architecture#architecturalphotographer#photographearchitecture#fabricedunou#valence#valencia#espana#spainpic.twitter.com/OoEUG8Ctve

— Fabrice Dunou (@FabriceDunou) 20 février 2017

O sistema valenciano está pensado para reduzir o consumo de eletricidade e água. As soluções avançadas têm atraído o interesse de empresas como a gigante Telefónica. O diretor regional, Kim Faura, salienta que “o mundo dos negócios está a virar-se para a chamada ‘internet das coisas’ e para as cidades inteligentes, especificamente. Toda a gente tem um telemóvel, que é um sensor com muita informação. Prevê-se que no ano 2020 haja mais de 50 mil milhões de objetos conetados”.

Segundo Rafael Monterde-Díaz, “a estratégia ‘cidade inteligente’ permitiu identificar todos os recursos: os lugares de estacionamento, a iluminação pública, os contentores de lixo. Mas agora temos de comunicar com esses objetos, para obter uma informação que permita uma gestão mais eficiente”.

A visão de Ximo Puig, presidente do governo regional valenciano

Maithreyi Seetharaman, euronews: Que visão é que esta cidade adotou para o seu futuro?

Ximo Puig: Atravessámos uma situação muito difícil. As pessoas desconfiavam do setor público devido à acumulação de problemas no passado. O contexto ainda é complicado, mas há cada vez mais resultados a comprovar a eficácia deste processo. Há cada vez mais cidadãos, mais empresas a demonstrar confiança num sistema de inovação que nos diz respeito a todos, e que é orientado pelo setor público juntamente com o privado.

euronews: Qual é a situação económica de Valência e como é que a tecnologia pode colmatar os pontos frágeis?

XP: A economia valenciana cresceu 3,9% no ano passado. As empresas valencianas, e os seus trabalhadores, estão a conseguir ultrapassar grandes desafios. Temos tido algumas dificuldades em adaptar as formações disponíveis às necessidades das novas empresas. Temos alguns problemas também com a aprendizagem de línguas e ao longo de todo o processo educativo que culmina na sociedade de informação. A comunidade valenciana, por exemplo, vai ser a primeira em todo o país a estar totalmente conetada em banda larga. É um elemento fundamental para integrar todos os cidadãos, todas as famílias, todas as empresas, de forma a que a sociedade de informação se torne realidade.

euronews: Até que ponto tem sido difícil obter financiamento a partir dos mercados de capitais? Ou têm de privilegiar a parte dos subsídios? Que conselhos pode deixar a outras cidades europeias que queiram seguir a mesma estratégia?

XP: Temos de combinar os dois aspetos. Existem fundos privados, bancos, empresas, organizações não-lucrativas… Há várias possibilidades para tentar captar capital do setor privado. Precisamos de fundos europeus e de fundos próprios. É um processo em curso. Temos os mesmos problemas que as outras regiões europeias. É óbvio que há regiões mais desenvolvidas e outras que estão um pouco mais atrás. No final de contas, o importante é que a Europa tenha um projeto para favorecer todas as regiões europeias no setor fundamental que é o da sociedade de informação.

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