Muçulmanos da etnia Rohingya fogem para o Bangladesh, depois de os confrontos com as forças securitárias birmaneses subirem de tom
A fuga ao conflito na Birmânia faz-se entre fronteiras.
Milhares de pessoas da minoria muçulmana Rohingya fogem para o vizinho Bangladesh desde que o conflito entre as forças de segurança e militantes Rohingya eclodiu na sexta-feira em Rakhine, noroeste do país, no sudeste asiático.
Por seu lado, o governo birmanês salvaguardou a segurança de cerca de 4000 cidadãos não muçulmanos deslocando-os da zona de conflito.
Thousands of Rohingya Muslims are desperately fleeing fresh assaults by Burma’s military today. pic.twitter.com/NE9HAVqzni
— CJ Werleman (@cjwerleman) August 26, 2017
Contam-se 98 mortos, com mais de 80 da parte dos insurgentes e 12 membros das forças de segurança, segundo fontes governamentais.
É o pior ressurgir de violência desde Outubro, em que uma insurgência Rohingya similar matou 9 polícias e reabriu hostilidade num conflito de longo curso.
Hamid Hossein fugiu para o Bangladesh e fala do que deixou para trás: “Um dos meus filhos perdeu-se enquanto cruzava a fronteira. Não conseguimos aguentar a tortura do governo birmanês. Matou o nosso povo, os corpos estavam estendidos ali, as forças do governo queimaram as nossas casas e também mataram as nossas crianças pequenas. Como se pode viver ali?”
A líder nacional, Aung Saan Suu Kyi, tem no tratamento dado aos mais de um milhão de Rohyngya numa Birmânia maioritariamente budista um desafio: a comunidade internacional fala em campanha de limpeza étnica e aponta o dedo à laureada com o Prémio Nobel em 1991 por não defender abertamente a minoria muçulmana, perseguida há muito tempo e por defender a contra-ofensiva do exército após o ataque de outubro.
Na sexta-feira passada, Suu Kyi condenou os raides nos quais os insurgentes se muniram de armas, paus e bombas caseiras para assaltar 30 esquadras de polícia e uma base militar.
Calculam-se em 400 mil os Rohingya no Bangladesh desde o início dos anos 90, o que faz crescer a tensão em ambos os países, cada um a encarar a minoria como cidadãos pertencentes ao outro.