O novo braço-de-ferro entre George Soros e o governo húngaro

O governo húngaro retoma a campanha contra o milionário norte-americano George Soros, sob a forma de uma consulta nacional, a cinco meses das próximas eleições.
Num questionário enviado a oito milhões de eleitores, o executivo de Viktor Orbán, pede aos húngaros que reajam sobre um alegado "plano Soros" executado pela Comissão Europeia para promover uma vaga de imigração na Europa.
O investidor de origem húngara respondeu, na segunda-feira, às alegações, acusando Budapeste de mentir para inflamar os sentimentos antimuçulmanos e antisemitas: "Esta consulta representa uma distorção intencional das minhas posições públicas".
Trata-se da sétima consulta popular lançada pelo governo de Orbán para justificar a posição eurocética e anti-imigração do primeiro-ministro.
A fatura das campanhas, contra Bruxelas e Soros, eleva-se a 23 milhões de euros desde o início do ano.
O porta-voz do Open Society Institute, uma das fundações criadas por Soros, rejeita falar de uma contra-campanha por parte de Soros:
"É evidente que não vamos gastar milhões numa campanha de comunicação. Nós gastamos fundos em causas importantes e comunicamos com a população como sempre o fizémos, através dos meios de comunicação social".
A resposta de Soros levou o governo a prolongar a votação que deveria ter terminado esta sexta-feira.
Budapeste afirma ter já recebido 1,7 milhões de questionários. No início do ano, 93% dos eleitores tinham concordado, noutra consulta, com a afirmação de que, "o dinheiro público é melhor investido nos húngaros do que nas famílias de migrantes".
O braço-de-ferro com Soros, frequentemente acusado pela Rússia - aliada de Orbán - de promover as chamadas "revoluções coloridas" no leste da Europa, tinha já levado o governo húngaro, em Abril, a ordenar o encerramento da universidade financiada pelo milionário em Budapeste.