O desafio independentista catalão saldou-se na aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola e na convocatória de eleições regionais, as terceiras em cinco…
O desafio independentista catalão saldou-se na aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola e na convocatória de eleições regionais, as terceiras em cinco anos.
Um contexto complexo conduziu a uma campanha eleitoral fora do comum com Carles Puigdemont – Presidente exonerado do governo catalão e cabeça de lista do “Juntos pela Catalunha” – no exílio em Bruxelas e o antigo vice-presidente e líder do partido Esquerda Republicana da Catalunha, Oriol Junqueras, na prisão.
O partido de Puigdemont reclama ser o governo legítimo da Catalunha.
As explicações de Josep Rull, ex-conselheiro do Território e Sustentabilidade , recém-saído da prisão mediante o pagamento de uma fiança de cem mil euros: “O nosso objetivo é restituir a normalidade democrática na Catalunha, o que significa restabelecer o governo ‘legítimo com o Presidente Puigdemont à frente.’ Queremos que os presos políticos sejam libertados. Também queremos que o Presidente Puigdemont e outros elementos do governo no exílio regressem à Catalunha.”
A situação também provocou danos colaterais no movimento independentista. Continuam a ter o mesmo projeto político? Unilateralismo? Quem vai governar se o bloco independentista triunfar? Puigdemont ou Junqueras?
O ex-presidente Puigdemont insiste em fazer da região um Estado independente. O antigo aliado Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) sugere que o partido se deve concentrar antes na política. Sondagens recentes mostram que o ERC conquista a maioria dos votos no bloco separatista.
Por outro lado, o chamado bloco constitucional, o braço catalão dos socialistas de Espanha, poderia chegar aos 14,3% dos votos, o que poderia garantir até 20 assentos.
O líder do partido, Miquel Iceta, centrou a campanha na criação de emprego e no crescimento económico. Os socialistas acreditam no que chamaram de “terceira via” para lidar com o “problema catalão.”
O Partido Socialista Catalão (PSC) está contra a independência, mas apoia os argumentos de um maior autogoverno e de autonomia fiscal para a Catalunha.
Miquel Iceta, primeiro secretário do PSC, propõe uma ampla reforma constitucional para outorgar à Catalunha uma melhor posição no seio de uma Espanha verdadeiramente federal.
“Há uma terceira via que é a via da reconciliação. A via do federalismo que não quer a rutura com Espanha, mas que entende que deve haver um melhor financiamento e autogoverno”, sublinha Eva Granados, do Partido Socialista Catalão.
O federalismo não consta do programa do Partido Popular da Catalunha (PPC). O braço catalão do partido do Presidente do Governo de Espanha, Mariano Rajoy, insiste, acima de tudo, na unidade do país.
O PP catalão de Xavier García Albiol está a perder terreno para o Ciudadanos de Inés Arrimadas.
Numa campanha altamente polarizada entre a independência e a defesa da unidade, alguns partidos tentam por fim ao duelo. A maioria dos cidadãos votará tendo em conta o projeto político dos partidos na relação com Madrid.
A versão catalã do Podemos, Catalunya en Comú-Podem, centra-se na agenda social e ao mesmo tempo mostra uma postura pouco clara sobre a independência.
A ambiguidade custará provavelmente alguns votos. No entanto, poderão vir a ter a chave da governação.
“Depois das eleições não negociaremos com os que defendem o unilateralismo ou que continuam a defender o artigo 155. Faremos acordos baseados no progresso, numa agenda de esquerda”, diz Marta Ribas, da coligação Catalunya en Comú-Podem.
O Ciudadanos lidera a campanha pró-unidade. A candidata à presidência, Inés Arrimadas, adotou uma postura firme contra o ímpeto secessionista convencendo eleitores que anseiam por uma resolução da crise que deixou a região despojada de poderes autónomos.
Olhando para o contexto parece ser algo difícil de conseguir. Não chegar a um acordo entre todos os partidos catalães significa um bloqueio político e novas eleições.
O Ciudadanos também precisará de apoio para formar Governo.
“Se conseguirmos derrotar o processo separatista caminharemos para uma nova era de esperança e de reconciliação. Caso contrário continuaremos num impasse. Penso que a sociedade catalã não pode aguentar mais quatro anos de divisão”, refere Albert Rivera, presidente do Ciudadanos.
O escrutínio, cujo objetivo é sarar as feridas e terminar com o bloqueio na sociedade catalã, pode traduzir-se num parlamento ainda mais fragmentado.
Cristina Giner, euronews – As sondagens vaticinam uma elevada participação e uma margem de diferença estreita entre os partidos e favor do projeto independentista e os que estão contra. Os pactos e as negociações serão vitais para poder investir o próximo Presidente da Generalitat.”