Brexit: Reino Unido está "iludido", avisam líderes da UE

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Direitos de autor REUTERS/Francois Lenoir
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De  Isabel Silva com Reuters, AFP
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No final de uma cimeira informal da União Europeia, sexta-feira, em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu aconselhou o governo de Londres a ser mais razoável em vez de viver na "ilusão" de que pode escolher o que quiser na realação com o bloco após o Brexit.

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Sem o Reino Unido na sala, os restantes 27 membros da União Europeia decidiram que dentro de um mês apresentarão o seu projeto sobre a relação que querem ter com aquele país após o Brexit. 

No final de uma cimeira informal, sexta-feira, em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu aconselhou o governo de Londres a ser mais razoável.

"Obviamente fico satisfeito que o governo do Reino Unido esteja a avançar para uma posição mais detalhada. Contudo, se os relatos na imprensa estiverem corretos, temo que a posição do Reino Unido se baseie numa pura ilusão. Não pode escolher só o que lhe apetece e não há mercado único a la carte", disse Donald Tusk, em conferência de imprensa.

Tusk vai reunir-se com a primeira-ministra britânica, Theresa May, na próxima quinta-feira, um dia antes de esta anunciar qual é o modelo de relação comercial que quer para as duas partes.

O governo de Londres diz que quer deixar o mercado único e a união aduaneira, acabar com a liberdade de circulação e a jurisdição do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Ao mesmo tempo, Theresa May quer negociar um acordo que reduza, tanto quanto possível, os direitos aduaneiros e os procedimentos administrativos.

O negociador principal do Brexit pela União Europeia, Michel Barnier, já alertou que os controles nas fronteiras seriam "inevitáveis" se o Reino Unido deixar o mercado único e a união aduaneira.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, deve dar as orientações das deliberações sobre as futuras relações, numa cimeira europeia de 22 e 23 de março, e as negociações começarão em abril.

Outras consequências do Brexit também estiveram em cima da mesa da cimeira informal, nomeadamente sobre como compensar os 10 mil milhões de euros anuais que o Reino Unido deixará de contribuir para o orçamento comunitário. 

"Se não reduzimos as verbas que são utilizadas nas políticas de coesão e na agricultura, que são setores que representam 70% do orçamento europeu, vamos ter que reduzir as outras políticas em 45%", avisou Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia.

Os países estão ainda muito divididos sobre se aumentarão as contribuições e admitem criar novos impostos europeus. Portugal admite aumentar a contribuição, mas está totalmente contra cortes naqueles dois fundos comunitários.

Já na área da reforma institucional, houve total consenso na recusa de que o próximo presidente da Comissão Europeia seja automaticamente escolhido com base em cabeças-de-lista de grupos políticos europeus para as eleições europeias de 2019, nas quais já não participará o Reino Unido. 

A proposta é do Parlamento Europeu, que ameaça vetar qualquer candidato que não seja escolhido com base nesse sistema, experimentado em 2014 mas que não consta do Tratado de Lisboa.

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