Fim do programa de resgate da Grécia na agenda do Eurogrupo

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De  Efi Koutsokosta  & Isabel Marques da Silva
Fim do programa de resgate da Grécia na agenda do Eurogrupo
Direitos de autor  REUTERS/Costas Baltas

O Eurogrupo vai decidir, quinta-feira, se a Grécia pode terminar o programa de resgate, no final de agosto, fechando um ciclo de oito anos de austeridade.

Penso que para se instalarem as mudanças necessárias vão ser precisos, pelo menos, 20 ou 30 anos

Lia Kourou Expatriada grega no Luxemburgo

Por causa da crise e da restruturação económica, estima-se que meio milhão de pessoas deixaram o país.

Mas as boas notícias podem não ditar o retorno a casa, já que uma recente sondagem junto dos expatriados revela que 36% dos inquiridos não pretende jamais regressar. A estes juntam-se 46% que vão esperar, pelo menos, três anos.

Lia Kourou, de 37 anos, estudou economia e gestão de transporte marítimo em Atenas, seguindo para o Reino Unido para fazer o mestrado. Regressou à Grécia para começar a carreira mas, há quatro anos, acabou por emigrar para o Luxemburgo e não está muito otimista com a possibilidade de deixar o que conquistou.

"Não quero voltar, nada mudou. Apesar de todo o sofrimento que enfrentámos ao longo destes anos, nada mudou. Não vou deixar o meu atual trabalho, onde tenho um horário fixo e tempo livre para mim. O Luxemburgo tem um sistema de saúde que é extremamente bom. Voltar para a insegurança, para incerteza que se vive na Grécia, não é algo que vou fazer", explicou à enviada da euronews, Efi Koutsokosta.

"Penso que para se instalarem as mudanças necessárias vão ser precisos, pelo menos, 20 ou 30 anos. Aí talvez se tenha chegado a um ponto em que se abrem as portas para as pessoas altamente qualificadas poderem regressar. Mas nessa altura, já não seremos jovens", acrescentou.

Mesmo com o fim do programa de resgate, ainda há muito trabalho pela frente para reconstruir a economia. O Banco Europeu de Investimento vai continuar a ajudar, segundo o vice-presidente, Jonathan Taylor.

"O nosso plano continua a ser concentrar os investimentos nos setores dos transportes e da energia. Penso que é importante continuar a modernizar o sistema rodoviário e os transportes, em geral, bem como modernizar as comunicações entre as diferentes partes do país, nomeadamente entre as ilhas e o continente", explicou à euronews.

"Não há um ponto final mágico, a partir do qual tudo é perfeito. O que precisamos é de ter a certeza de que tudo o que se faz vai na direção certa", acrescentou Jonathan Taylor.

Mas há um grande entrave à recuperação do país, como realça José Ángel Gurría, secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico.

"A Grécia já fez o trabalho de casa e sofreu as consequências, mas foi corajosa e agora vê o lado positivo, o resultado dessas reformas. A questão atual é saber como gerir uma dívida de 180% do PIB, que é demasiado peso nos ombros do país", afirmou.