Centenas de milhares de pessoas voltaram às ruas para pedir a saída do presidente, a mudança de sistema político e a realização de novas eleições
Centenas de milhares de argelinos voltaram esta sexta-feira às ruas da capital, Argel, e em várias outras cidades do país, em protesto contra o presidente Abdelaziz Bouteflika.
As manifestações têm sido pacíficas, salvo raras exceções, e recorrentes faz agora um mês.
Os manifestantes exigem a saída do chefe de Estado, de 82 anos, vinte dos quais passados na presidência da Argélia.
A saúde de Bouteflika tem vindo a degradar-se desde o AVC sofrido em 2013, mas mesmo assim, em fevereiro, numa altura em que inclusive surgiram rumores de que poderia estar moribundo, o presidente anunciaria o desejo de se recandidatar a um quinto mandato, o que espoletou há exatamente um mês os protestos no país.
Bouteflika entretanto recuou, a 11 de março fez saber que já não se vai recandidatar, mas ao mesmo tempo adiou para data indefinida as eleições previstas para 18 de abril, o que lhe permite manter-se no poder para lá de 28 de abril, data em que devia expirar o atual mandato presidencial.
A justificação do chefe de Estado argelino passa pela realização de uma Conferência Nacional encarregada de reformar o país e elaborar uma nova Constituição.
Os manifestantes consideram tratar-se de um "truque" de Bouteflika, ou do executivo que o rodeia. Os protestos acabaram por se inflamar ainda mais e os opositores do presidente prometem "continuar a marchar o tempo que for preciso" até que o executivo encabeçado pelo chefe de Estado abandone o poder.