«Alcina», de Händel, e as vozes celestiais de Salzburgo

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De  Katharina Rabillon
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«Alcina», de Händel, será interpretada no Festival de Verão de Salzburgo, este ano dedicado às "vozes celestiais".

**A ópera «Alcina», de Händel, lança o feitiço no Festival Whitsun, em Salzburgo.
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Numa produção de Damiano Michieletto, a aclamada meio-soprano Cecilia Bartoli dá vida à protagonista, que perde os poderes mágicos ao apaixonar-se.

"Esta história de Alcina é realmente incrível, uma feiticeira que se apaixona. E isso é completamente proibido. Há um jogo de cintura, poder, amor e também o facto de que ela está a envelhecer. Há sensualidade e leveza, podemos encontrar tudo isso nas óperas de Händel. Cada ária tem o seu próprio caráter, uma cor diferente. Cada obra-prima de Händel é uma jóia", conta Cecilia Bartoli.

Na contracena tem Philippe Jaroussky. O contratenor revela que "Händel era uma pessoa severa, muito difícil, com mau humor. Sabemos que chegou a ameaçar atirar uma soprano pela janela. Não era uma boa ideia incomodá-lo demasiado. E paradoxalmente a sua música tem muita sensualidade e humanidade. A música de Händel é provavelmente uma das mais emocionantes da história da música."

Bartoli é também a diretora artística do festival e decidiu dedicar a edição deste ano às vozes de castrato que inspiraram Händel e muitos outros compositores barrocos.

"Queria reunir as grandes vozes da era barroca, os estrelas do barroco que eram os castrati, como Farinelli, Caffarelli et Senesino", afirma.

Händel escreveu o papel do amante de Alcina, Ruggiero, para um famoso castrato. Hoje esses papéis são interpretados por um meio-soprano ou um contratenor que recorre à voz de cabeça.

"A particularidade dos castrati era a respiração, que era muito mais profunda que a média e lhes dava uma agilidade incrível. Eles eram capazes de fazer frases muito longas em apenas uma respiração e isso deve ter sido parte da magia dessas vozes", explica Jaroussky.

Para o contratenor, "é possível que passassem algum do próprio drama pessoal para a voz, porque os privaram da integridade física e deviam ser, por vezes, vidas cheias de melancolia. Cantar foi para eles o caminho para sobreviver!"

«Alcina» integra o programa do Festival de Verão de Salzburgo, de 8 a 18 de agosto.

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