No centro da questão está um conflito de interesses que envolve a atribuição de subsídios europeus a empresas pertencentes ao atual chefe do executivo
O governo checo liderado pelo primeiro-ministro populista Andrej Babis sobreviveu a uma moção de censura no parlamento.
A moção de censura foi despoletada pela oposição após um relatório preliminar da União Europeia ter concluído que existe um conflito de interesses envolvendo subsídios europeus atribuídos a empresas pertencentes ao chefe do executivo.
Após dezanove horas de debate apenas 85 deputados votaram a favor da queda do governo, um número bem abaixo dos 101 deputados necessários de um total de duzentos.
"Em primeiro lugar é necessário regressar às normas democráticas elementares. Isso signifca que o governo não pode incluir aqueles que suspeita de abusarem dos subsídios ao mesmo tempo que estão numa posição de influência", Petr Fiala, presidente do Partido Democrático Cívico.
O relatório preliminar da Comissão Europeia, publicado na comunicação social, diz que o primeiro-ministro ainda tem influência no grupo agroalimentar Agrofert transferido para fundos fiduciários em 2017. O conflito de interesses poderá levar a República Checa a ter que devolver cerca de 450 milhões de coroas checas em subsídios europeus recebidas pela Agrofert. O primeiro-ministro reagiu assim no parlamento:
"Considero esta moção de censura como uma tentativa para desestabilizar o país, vai contra o interesse dos nossos cidadãos, da nossa república", disse Babis perante os deputados.
As revelações levaram aos maiores protestos anti-governamentais desde a revolução pró-democracia de 1989. Os manifestantes consideram o primeiro-ministro populista como uma ameaça à democracia e à independência do poder judicial.