Teerão diz ter dado tempo à diplomacia e que as ações não violam o pacto
As notícias de quebra, por parte do Irão, de novos compromissos definidos no quadro do Acordo Nuclear fizeram crescer o nervosismo em Bruxelas, Londres e Paris.
Os apelos internacionais ao respeito pelo acordo de 2015 multiplicam-se mas Teerão faz orelhas moucas.
"Na primeira etapa anunciámos que já não estamos comprometidos em limitar o nosso stock de urânio. Na segunda etapa reconsiderámos os nossos compromissos em relação à percentagem e densidade do enriquecimento de urânio. Sublinhamos que já não estamos comprometidos com isso", anunciou, em conferência de imprensa, Abbas Araghchi.
Pela voz do vice-ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Teerão fez saber este domingo que vai avançar com o enriquecimento de urânio a 5%, acima da concentração de 3,67% limite estabelecidos pelo acordo.
Entre a espada e a parede, pressionados pela retirada dos EUA em maio de 2018, os restantes signatários do documento (Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha) viram terminar, também este domingo, o prazo de 60 dias para protegerem o Irão das pesadas sanções norte-americanas.
Teerão promete reduzir mais obrigações a cada 60 dias e alega que os países europeus também não honraram com os compromissos. Mesmo depois do presidente francês Emmanuel Macron falar com o homólogo iraniano, Hassan Rohani, manifestando, por telefone a "profunda preocupação" com o impacto de um abandono do acordo.
Segundo com um comunicado do Eliseu os dois líderes acordaram procurar até 15 de julho condições para retomar o diálogo entre as partes. Mas o Reino Unido considera as perspetivas sombrias e deixou avisos.
"Estamos muito preocupados com as notícias que vieram a público e vamos aguardar pela verificação independente por parte do organismo internacional relevante antes de decidir os próximos passos a adotar. Mas se o Irão estiver a quebrar o acordo haverá consequências sérias", disse o secretário de Estado britânico para os Assuntos Externos, Jeremy Hunt.
A ofensiva iraniana pretende exercer pressão sobre a Europa de forma aliviar o peso das sanções dos EUA. Os analistas consideram porém que pouco pode ser feito em termos práticos para mitigar a difícil situação económica do Irão.