Winfried Freudenberg, um herói da resistência à Alemanha dividida

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O jovem engenheiro com espírito de aventura teve a ideia de fugir num balão de gás construído por ele próprio para transpor o Muro de Berlim. Perdeu a vida e deixou para trás a esposa. A história inspiradora é relatada por Caroline Labusch no livro "Ich hatte gehofft, wir können fliegen"

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Atualmente, as partes que restam do Muro de Berlim são uma atração turística que espelha o triunfo da reunificação, mas há três décadas a história de um jovem casal que arriscou tudo para fugir da Alemanha Oriental para Berlim Ocidental teve um final menos feliz.

Winfried Freudenberg, um jovem engenheiro com espírito de aventura, teve a ideia de fugir num balão de gás construído por ele próprio.

Em março de 1989, depois de meses de preparação, Winfried e a mulher Sabine estavam preparados para arriscar tudo.

Durante a noite começaram a encher o balão com gás até que alguém se apercebeu e chamou a polícia.

"Os polícias avistaram o balão, que já estava inclinado para o oeste e pronto para levantar, mas não viram ninguém. Suspeitaram o que se estava a passar. Tinham armas de fogo com eles, mas não se atreveram a disparar, porque cheirava a gás e temeram que a casa próxima explodisse", explicou, em entrevista à Euronews, Caroline Labusch, autora do livro "Ich hatte gehofft, wir können fliegen."

Winfried e a mulher Sabine, juntamente com um balão que não estava completamente cheio, só tinham alguns segundos para decidir, como contou Caroline Labusch no livro que escreveu relatando a fuga: "Tinham 30 segundos para decidir o que fazer. Decidiram que Winfried voaria primeiro e que Sabine ficaria para trás. Sabine escondeu-se entre os arbustos e acompanhou a partida."

Com uma partida tão apressada, Winfried ficou à mercê da vontade dos ventos. Sem controlo no balão voou durante cinco horas, sentado numa vassoura cortada presa ao balão. Subiu cinco mil metros, sentindo o frio cortante de 20 graus negativos. O voo terminou na parte Ocidental da cidade, em Berlim Zehlendorf.

"Ficou completamente gelado e provavelmente estaria exausto. Física e psicologicamente. Tentámos calcular como é que este voo pode ter corrido e concluímos que provavelmente o balão caiu, que Winfried perdeu as forças e não aguentou mais. O corpo foi depois encontrado num dos jardins à beira do lago", relatou Caroline Labusch.

Com todos os ossos partidos, o sonho de Winfried, de uma nova vida na Alemanha Ocidental, esfumou-se.

Lena Roche, Euronews - Se as coisas tivessem corrido bem, de acordo com o planeado, o que é que Winfried esperava?

"Esperava vender a história à imprensa, contando o plano de fuga romântica de um jovem casal com recurso a um balão", explicou Caroline Labusch.

A história acabaria por fazer manchetes na Alemanha Ocidental, mas por motivos trágicos. Em Berlim leste, Sabine, a mulher de Winfried, foi presa e interrogada pela Stasi, a polícia secreta alemã oriental.

Ao fim de algumas semanas estava em liberdade. Meses mais tarde, a 9 de novembro, um milagre aconteceu. Caiu o Muro de Berlim. Milhares de alemães do leste juntam-se na passagem de fronteira Bornholmer Strasse e atravessam a ponte. Ainda em choque, Sabine atravessou finalmente a ponte histórica apenas semanas mais tarde.

Lena Roche, Euronews - Pensou em Winfried naquele momento?

"Sim. Pensei nele a todo o instante. Foi o que me impediu de ir até lá. Porque estava morto de certeza, desde que tinha partido em março. Estávamos em novembro. Morreu porque o Muro estava fechado. Penso que ainda estaria vivo se tivéssemos esperado mais alguns meses. Foi muito triste para mim. O que seria se estivéssemos aqui e pudéssemos testemunhar o momento-chave? Agora já não pode vê-lo. Resta a dor e o pesar", recordou, com tristeza, Sabine Freudenberg, a viúva do herói Winfried Freudenberg.

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