Valas comuns no Brasil com a ascenção do coronavírus

O cenário da tragédia em São Paulo mas pode tornar-se em qualquer outro Estado do Brasil numa altura em que o país avança a um ritmo crescente de novos casos. Milhares de valas são abertas com a perspetiva da elevada mortalidade por coronavirus. São mais de 13 mil valas no cemitério de Vila Formosa.
E o sistema de saúde aproxima-se da saturação. Na grande São Paulo, 89% dos leitos nas unidades de cuidados intensivos estão já ocupados. Os peritos acreditam que ainda não foi atingido o pico.
No Estado registaram-se 2375 mortos pelo vírus, um terço dos óbitos registados no país. 28 mil pessoas estão infetadas.
São Paulo deverá ter um sistema código QR para identificação das sepulturas. A dor pela perda de de familiares próximos é grande, maior ainda quando não existe um serviço fúnebre à altura das expectativas.
"Apenas penso no que ele sofreu e agora nem sequer pode ser enterrado de forma apropriada, ele não tinha nada. A última vez que o vi foi quando entrou na Unidade de Cuidado Intensivo e depois nunca voltou. Foi a última vez que o vi... assim sem mais nem menos", diz uma mulher que acabou de assistir ao enterro de um familiar.
As situações de emergência sucedem-se, como em Manaus. Quando os paramédicos chegam a casa das pessoas que pediram auxilio, o doente já tinha falecido.
O Brasil enfrenta vários problemas. Um deles é político, já que a nível federal o Presidente Jair Bolsonaro é contra o confinamento.
No sentido oposto à presidência, esta sexta-feira, o Estado do Maranhão foi mais longe e tornou-se no primeiro no país a decretar o bloqueio total, embora não seja das regiões mais afetadas. Duras restrições semelhantes às assistidas em Itália, Espanha e china foram decretadas pela justiça e seguidas pelo governador.
Estão interditas todas as atividades não essenciais à manutenção da vida e da saúde, com exceção de serviços de alimentação, farmácias, portos e indústrias que trabalham em turnos de 24 horas.
No total, o Brasil regista seis mil mortos confirmados pelas autoridades e 87 mil casos e os números deverão continuar a crescer já que são muitos os cidadãos que não respeitam as ordens das autoridades estaduais, alguns por negligência, por ignorância ou por seguirem o exemplo do presidente Jair Bolsonaro.