Governador do Rio acusa Bolsonaro de consumar interferência na Polícia

Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, e Jair Bolsonaro, presidente do Brasil
Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, e Jair Bolsonaro, presidente do Brasil Direitos de autor MAURO PIMENTEL/AFP or licensors
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De  Euronews com Lusa
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O governador do Rio de Janeiro desmentiu a prática de qualquer irregularidade em relação à operação lançada esta terça-feira pela Polícia Federal.

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O governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, acusou hoje o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de ter consumado a interferência política na ação da Polícia Federal, na sequência da operação de busca e apreensão hoje lançada pelas autoridades por suspeitas de corrupção, tendo também negado qualquer participação em irregularidades.

"Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal", afirmou o governador em comunicado.

"Estranha-me e indigna-me sobremaneira o facto absolutamente claro de que deputados bolsonaristas [que apoiam o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro] tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento [fuga de informação], com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará", acrescentou.

Para Witzel, estas informações divulgadas por parlamentares ligados ao Governo revelariam que a "interferência anunciada pelo Presidente da República está devidamente oficializada".

O governador carioca disse ainda estar à disposição da Justiça e tranquilo sobre o esclarecimento dos factos.

Na manhã de hoje, a Polícia Federal brasileira realizou uma operação de busca e apreensão na residência oficial do governador, no âmbito de uma investigação sobre desvio de recursos públicos para combater a pandemia provocada pelo novo coronavírus.

A operação faz parte de uma investigação em curso que apontou irregularidades em contratos concedidos para a construção de hospitais de emergência no Rio de Janeiro, que envolveu autoridades da área da saúde, segundo um comunicado divulgado pela Polícia Federal.

Em 14 de maio, procuradores federais lançaram uma outra operação que cumpriu 25 mandados de busca e de prisão no Rio de Janeiro e no estado de Minas Gerais.

Os procuradores informaram que um grupo de empresários procurou tirar proveito da pandemia provocada pelo novo coronavírus e desviou cerca de 3,9 milhões de reais (660 mil euros) em recursos públicos através de contratos para a construção de hospitais de campanha.

Witzel é adversário do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que recentemente mudou a direção da Polícia Federal no Rio de Janeiro, gesto que motivou a demissão do então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

O ex-ministro acusou o Presidente brasileiro de querer informações privilegiadas sobre operações da polícia no Rio de Janeiro antes de apresentar a sua demissão.

Desde que a covid-19 chegou ao Brasil, no final de fevereiro, o país já registou 374.898 casos e 23.473 mortes provocadas pela doença, segundo o Ministério da Saúde.

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