Ryanair ameaça contestar na justiça apoio estatal à Lufthansa

Ryanair acusa Lufthansa de partcipar em cartel de preços baixos na aviaçao
Ryanair acusa Lufthansa de partcipar em cartel de preços baixos na aviaçao Direitos de autor Boris Roessler/dpa via AP
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De  Francisco Marques com Agência Lusa, AP, AFP
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Comissão Europeia aprovou termos do plano de resgate da companhia áerea pelo governo da Alemanha, mas a irlandesa de baixo custo denuncia tratamento privilegiado da concorrente

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A Ryanair ameaça contestar no Tribunal Geral da União Europeia a aprovação concedida pela Comissão Europeia ao plano de resgate da Lufthansa pelo governo da Alemanha aprovado esta quinta-feira pelos accionistas da companhia de bandeira germânica.

O plano está avaliado em €9 mil milhões dividido em duas partes: €6 mil milhões de recapitalização financiados pelo Fundo de Estabilidade Económica criado pelo governo alemão para mitigar os impactos da Covid-19 e €3 mil milhões de empréstimo com garantia estatal.

A Comissão Europeia deu o aval ao apoio, mas com contrapartidas: "o estado tem de ser suficientemente remunerado e mais medidas para limitar a distorção da concorrência", afirmou, em comunicado, a vice-presidente da Comissão Europeia.

Margareth Verstager revelou ainda o compromisso da Lufthansa "de disponibilizar 'slots' (espaço) e outros interesses nos aeroportos de Frankfurt e Munique, onde [a companhia alemã] mantém grande poder".

"Isto vai permitir às companhias concorrentes a possibilidade de entrar nestes mercados, garantindo preços justos e o aumento da oferta apara os consumidores europeus", explicou a também responsável pelas políticas europeias de concorrência.

Lufthansa ameaçava falência

A Lufthansa estava "sem dinheiro", garantiu o presidente do Conselho de Supervisão da companhia alemã.

"Até agora, vivíamos das poupanças conseguidas durante os bons anos, mas em breve teríamos gasto quase tudo. Sem este apoio, arriscávamos a falência nos próximos anos", afirmou Karl-Ludwig Kley.

Apesar do acordo de resgate aprovado, esta quinta-feira ficou também marcada pela manifestação do pessoal de bordo da Lufthansa, questionando eventuais despedimentos colocados pela companhia como hipótese para sobreviver, mas entretanto suspensos, em princípio, até final de 2023 após um acordo alcançado com o sindicato na noite de quarta-feira.

O especialista alemão em aviação, Andreas Spaeth antevê que "o único negócio com futuro a médio-prazo no setor são as viagens de lazer".

"São as pessoas que habitualmente voam curtas distâncias em companhias como a Ryanair. Por isso, estas companhias de baixo custo podem vir a ter a vida mais facilitada para recuperar o mercado, enquanto companhias grandes como a Lufthansa vão ter de reajustar o modelo de negócio", perspetivou Spaeth.

Ryanair denuncia cartel de preços baixos

O reajustamento da Lufthansa poderia já estar em curso, mas não de forma muito leal para alguma concorrência, acusou a Ryanair.

O dia ficou também marcado pelo envio para a Comissão Europeia de uma denúncia da companhia irlandesa contra um alegado cartel de companhias aéreas a preparar uma limitação mínima de preços de voos na ordem dos €40.

A companhia irlandesa de baixo custo considera que o plano de resgate da Lufthansa irá ajudar a companhia alemã a prejudicar os concorrentes mais pequenos, nomeadamente com a participação no referido cartel através de pequenas companhias detidas na Áustria e que estariam a preparar com outras companhias italianas como a Alitalia a tal limitação de preços baixos.

A Ryanair acusa ainda a Lufthansa de estar a ameaçar pequenas companhias dentro do respetivo grupo como se fossem reféns belgas, austríacos ou suíços "se os respetivos governos não pagarem os resgates", lê-se no comunicado da companhia irlandesa.

Outras fontes • Jornal Económico

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