Covid-19: Familiares de vítimas apresentam queixas em Bérgamo

Covid-19: Familiares de vítimas apresentam queixas em Bérgamo
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Familiares de vítimas da Covid-19, guiadas pelo grupo "Noi Denunceremo", apresentaram queixas na produradoria da cidade de Bérgamo, em Itália.

PUBLICIDADE

O grupo nascido no Facebook, "Noi denunceremo", pede contas - não só na política mas também na justiça - às autoridades italianas, pela forma como foi gerida a pandemia, na região de Bérgamo.

No total, já foram apresentadas 150 queixas na procuradoria da cidade em nome de familiares de vítimas da Covid-19.

Os advogados deste coletivo enviaram também uma carta à Comissão Europeia e ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, pedindo a supervisão da investigação. Falam de crimes contra a Humanidade e afirmam que o direito à vida e à dignidade dos cidadãos italianos foi violado.

"Se perguntar às pessoas de Bérgamo, todas dirão que o maior problema foi criar demasiado tarde uma zona vermelha, o confinamento. Detetámos o vírus a 23 de fevereiro e encerrámos toda a região a 8 de março; por isso, estamos a falar de duas semanas em que as pessoas estavam livres para se deslocarem, irem trabalhar, irem a restaurantes e, provavelmente, infectarem milhares de pessoas, e vemos os resultados", diz Stefano Fusco, que criou, com o pai, este grupo, "Denunciaremos".

O grupo foi criado em março como forma de as famílias enlutadas expressarem a dor pelas mortes causadas pelo coronavírus, uma vez que os rigorosos confinamentos de Itália lhes negaram a realização de funerais. Agora, está a fornecer um fluxo constante de testemunhos a procuradores que investigam o que contribuiu para uma taxa de mortalidade tão elevada.

Sabrina Grigis, que perdeu o pai na pandemia, afirma: "Esperamos que aqueles que cometeram erros paguem por eles. O meu pai não merecia acabar desta forma. Morrer sozinho. Durante 15 dias, nem eu nem os membros da família pudemos vê-lo, ouvi-lo ou estar com ele neste momento trágico para ele. Ele contava conosco, tinha confiança em nós".

O grupo "Noi denunceremo" questiona até que ponto é que a decisão de não confinar mais cedo foi deliberada - para evitar repercussões económicas numa das três cidades mais produtivas do norte de Itália.

A investigação dirá. Para já, o movimento das famílias à procura de justiça cresce a nível internacional, como refere a repórter da Euronews em Itália, Giorgia Orlandi: "Não são apenas 100 novas queixas. Com a carta enviada à presidente da Comissão Europeia e ao Presidente do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a actividade da "Noi Denunceremo" está a assumir cada vez mais um carácter internacional. Ainda que a iniciativa tenha partido do comité italiano, cada vez mais grupos nascem da vontade das famílias das vítimas que pedem justiça em todo o mundo e querem seguir o modelo italiano para avançarem numa direção semelhante, do Reino Unido ao Brasil".

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Preços altos levam italianos a cortar no azeite

Parlamento italiano aprova missão naval da UE no Mar Vermelho

Governo italiano vai introduzir novas regras para reduzir acidentes de trabalho