Iniciativa de promoção da economia circular está a conquistar cabeleireiros.
Mais do que um ato de vaidade, cortar o cabelo também pode estar ao serviço de uma causa maior, como a proteção ambiental. Na zona da Riviera francesa já é assim.
Consciente do impacto ambiental, Thierry Gras, cabeleireiro profissional, criou a associação "Coiffeurs justes" (cabeleireiros justos), que recicla cabelo humano para combater a poluição no mar.
"Uma das qualidades do cabelo é ser lipofílico, o que significa que absorve hidrocarbonetos. Dito de outra forma, os hidrocarbonetos agarram-se ao cabelo. É por isso que podemos lavar o cabelo, já que não os absorve por completo", explicou Thierry Gras.
A iniciariva de Thierry Gras já conta com uma rede de mais de três mil profissionais que lhe enviam restos de cabelo cortado.
"A ideia da iniciativa 'Cabeleireiros justos' é podermos limpar um lugar em caso de um acidente grave, mas também limpar, de modo recorrente, a pequena poluição", acrescentou o cabeleireiro.
O cabelo recolhido serve de recheio a enchidos feitos em meias de nylon e produzidos por uma empresa de reinserção profissional, para serem depois lançados ao mar.
Em Cavalaire-sur-Mer fazem-se testes no porto. O diretor-executivo e autarca quer contaminar outros portos com esta ideia e produzir em grande escala.
"A ideia é percorrer o porto, porque quando chove as águas do escoamento chegam ao porto, lavam o solo e provavelmente têm resíduos de hidrocarbonetos. Pretende-se circular à volta de todo o porto e, acima de tudo, convencer outros portos a fazer o mesmo", referiu Philippe Leonelli, autarca de Cavalaire-sur-mer.
A tendência está a tornar-se moda. Vários portos fluviais e marítimos de França já mostraram interesse em adquirir os "enchidos antipoluição."