Angola deve "passar da retórica à prática"

João Lourenço (arquivo)
João Lourenço (arquivo) Direitos de autor Andrew Caballero-Reynolds/AP
De  Teresa Bizarro
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Com três anos de mandato cumprido, João Lourenço entra na fase de maiores desafios à frente do governo angolano

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É tempo de passar das palavras aos atos em Angola. O desafio é da Transparência Internacional (TI). A organização não governamental elogia as intenções de combate à corrupção do Presidente angolano, João Lourenço, mas considera que três anos de governação têm de marcar o início de uma nova era.

"Penso que o que é importante neste momento é passar da retórica à prática," diz Mokgabo Kupe, conselheira da TI para o sul de África, lembrando que se tem "falado que algumas das investigações são direcionadas," uma acusação que pede um esforço adicional de transparência.

Em entrevista à Euronews, Mokgabo Kupe encontra no silêncio recente do Presidente angolano a necessidade de garantir apoios para uma agenda de reformas.

"O nível de precaução pode atribuir-se ao facto do sistema partidário ser tão complexo. Não se pode acabar com todos ao mesmo tempo. Não creio que isso seja necessariamente estratégico. Ele está a tentar jogar um jogo muito cuidadoso. Penso que uma agenda de reformas exige que tenha certas pessoas do seu lado. Por isso, penso que o silêncio pode vir da observação e da tentativa de ver qual será a melhor manobra," afirma.

Fazer reformas e garantir a coesão

Politicamente João Lourenço fez do combate à corrupção bandeira, mas os vários processos contra antigos dirigentes e empresários ligados ao regime arrastam-se na justiça.

Said Djinnit, antigo enviado especial da ONU para a região dos Grandes Lagos, avisa: com dois anos de mandato ainda pela frente, o maior desafio é manter a coesão territorial e "unir o país".

O diplomata e conselheiro especial da Accord considera que existem "sempre fraquezas em todos os países, especialmente em tempos de reformas" e defende que, perante a resistência de quem se opõe, "é importante prestar atenção à coesão interna do país e à estabilidade interna". Said Djinnit lembra que "a economia angolana apoia-se muito na indústria petrolífera" e recomenda que "Angola diversifique a economia". "Esse é definitivamente um grande desafio para o Presidente e para o governo em termos de diversificação e fortalecimento da economia," diz o diplomata.

Uma reorientação estratégica e diversificação ainda mais urgente em tempos de pandemia.

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