Líderes da UE vão debater estratégia para África

Semana de África foi um evento organizado pelo grupo socialista do PE
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De  Isabel Marques da Silva
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A pandemia levou ao adiamento da cimeira entre a União Europeia e a União Africana, prevista para outubro, em Bruxelas, cerca de dois anos depois da ultima grande reunião, que decorreu na Costa do Marfim.

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A União Europeia está a negociar uma nova parceria com a União Africana, que será lançada em 2021, com grande aposta no investimento privado e no comércio. A criação de empregos é a chave da nova estratégia, um dos temas que será debatido na cimeira de líderes da União Europeia, esta semana, em Bruxelas.

“Temos de investir nas infra-estruturas, na digitalização e na educação, que é fundamental se quisermos aumentar a taxa de emprego", disse Jutta Uriplainen, comissária europeia para Parcerias Internacionais, uma das principais negociadoras, em entrevista à euronews.

A União Europeia é o maior parceiro comercial de África, mas a China está a tornar-se um ator importante no continente, segundo dados da Comissão Europeia sobre o volume de trocas de produtos, em 2018:

  • UE:  235 mil milhões de euros
  • China: 125 mil milhões de euros
  • USA:  46 mil milhões de euros

Desde 2018, o bloco europeu também reservou 4,6 mil milhões de euros em garantias bancárias para projetos com investidores públicos e privados na África. O objetivo é criar dez milhões de empregos até 2023.

A mesma agenda de desenvolvimento nos dois continentes

Além da cooperação económica, o grupo socialista do Parlamento Europeu quer promover uma parceria mais equilibrada, também, ao nível político.

No evento "Semana de África", que organizou na véspera da cimeira da União Europeia, o partido convidou vozes da sociedade civil e da diáspora.

Um dos convidados foi Aboubakar Soumahoro, um trabalhador rural da Costa do Marfim que se tornou sindicalista em Itália, e que diz que a prioridade deveria ser o combate à exploração da mão-de-obra nos dois continentes.

"Há esta questão da mão-de-obra barata. Quer se trate de trabalhadores europeus ou de trabalhadores de outros continentes, a questão da exploração ao máximo é que está no cerne do problema, é o que faz a diferença. Penso que, atualmente, temos que encontrar elementos que permitam evitar o fenómeno de "dumping social", que aposta na mão-de-obra barata, o que provoca uma espécie de confronto, de conflito entre os trabalhadores”, explicou Aboubakar Soumahoro, em entrevista à euronews.

A Europa deve deixar para trás as abordagens paternalistas ou oportunistas e reforçar os esforços para promover a estabilidade política, afirma Iraxte Garcia, eurodeputada espanhola que é a líder dos eurodeputados socialistas.

“Precisamos de garantir que avançamos nas trocas comerciais mas, simultaneamente, temos de garantir a proteção dos recursos naturais, a cooperação em termos de alterações climáticas. As nossas prioridades na Europa têm que ser as mesmas na agenda da relação com África: igualdade, Estado de direito e democracia "

A pandemia levou ao adiamento da cimeira entre a União Europeia e a União Africana prevista para outubro, em Bruxelas, cerca de dois anos depois da última grande reunião, que decorreu na Costa do Marfim.

Apesar de ainda não haver nova data, a União Europeia quer fechar quanto antes a nova estratégia que vai substituir a que está em vigor desde 2007.

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