O objetivo é identificar eventuais cadeias de contágio e cortá-las. O ensaio ia a meio quando surgiu a notícia da infeção de uma das estrelas da cidade, o futebolista egípcio Mohamed Salah
Mais de 100 mil pessoas já tinham sido testadas à Covid-19 no final da primeira semana de um ensaio de testagem maciça, informava na sexta-feira ao final da tarde o presidente da câmara de Liverpool, uma das cidades mais afetadas pelo novo coronavírus em Inglaterra e a eleita para este projeto-piloto.
Apenas 373 testes resultaram positivo, uma taxa de 0,5%, destacava Joe Anderson, apelando à adesão da população de Liverpool num projeto pensado para atingir uma frequência de 10 milhões de testes diários e ajudar a cortar as cadeias de propagação em Inglaterra.
O projeto-piloto entra agora na segunda semana com as forças armadas foram mobilizadas para ajudar a processar os testes nas escolas de Liverpool, onde os estudantes necessitam de consentimento dos pais para poderem ser testados pelo menos duas vezes no espaço de dez dias.
Para Joan Ellis, trata-se de "uma ideia brilhante".
“Se ajudar a manter as pessoas saudáveis, não há nada a perder. Demora poucos minutos, é grátis e está disponível por toda a cidade de Liverpool”, destaca esta mãe, em declarações à Euronews, que se deslocou ao condado de Merseyside para acompanhar este projeto piloto.
Negacionistas são "idiotas"
Perguntámos a algumas pessoas o que pensavam daqueles que diziam ser esta experiência um processo inútil.
"Para mim, é ridículo dizerem isso. Acabei de perder uma filha infetada pelo novo coronavírus há duas ou três semanas. Por isso, para mim, quem pensa isso é idiota", disse-nos um senhor, sem se identificar.
Uma senhora que se apresentou para ser testada, apesar de não ter sintomas, quis "fazer o teste". "Queria fazer parte deste projeto de testagem em Liverpool", reforçou.
O enviado especial da Euronews a Liverpool contactou a Câmara Municipal de Liverpool, onde se "acredita que a testagem maciça em Merseyside vai ajudar a cortar a cadeia de contágios", no entanto, ressalva Luke Hanrahan, "há alguns académicos a alegar a falta de provas na eficácia clínica deste projeto porque os testes podem incorrer em falsos positivos ou falsos negativos.”
É o caso de Mike Gill, antigo diretor regional de Saúde Pública em Liverpool, para quem esta experiência "parece ser uma viagem precipitada para a confusão". "O problema da confusão é que se torna muito mais difícil sair dela depois de lá cairmos", defendeu.
Colocámos estas preocupações ao vereador Paul Brant, o atual responsável pela saúde pública de Liverpool, que nos respondeu com a defesa de uma nova tentativa de controlar a epidemia no Reino Unido, o 7.° país do mundo mais afetado pela pandemia, com 1,37 milhões de casos confirmados e mais de 50 mil mortos no quadro da Covid-19.
Os testes rápidos têm revelado alguns problemas de fiabilidade nos resultados apresentados, mas há esperança de poderem vir a ajudar a recolher dados importantes na luta para travar a propagação do SARS-CoV-2.
Para já, são ainda um tiro no escuro num processo de testagem maciça que vai prolongar-se pelo menos por mais uma semana em Liverpool e que poderá vir a ser alargado a outras cidades inglesas.
Mohamed Salah infetado
Uma das notícias que dominou nos últimos dias as bancas de jornais em Liverpool foi a da infeção de Mohamed Salah, o companheiro de equipa do português Diogo Jota, que testou positivo durante a concentração da seleção do Egito.
O avançado egípcio foi filmado na festa de casamento do irmão a dançar alegremente no meio de um grupo sem usar máscara nem respeitar o distanciamento de segurança.
Salah esteve depois numa cerimónia onde foi homenageado por se ter tornado no primeiro egípcio a ganhar a Liga inglesa, onde as regras eram apertadas e terão sido respeitadas.
O jogador foi colocado e isolamento e a infeção pelo novo coronavírus deverá impedi-lo de jogar pelo menos os dois próximos jogos do Liverpool.