Na cidade belga de Binche, o carnaval tem raízes que remontam à Idade Média. Para além da tristeza do cancelamento, o impacto económico será duro para a maioria dos artesãos
Num ano normal, por esta altura, a cidade belga de Binche estaria em festa com muita música, trajes vibrantes, chapéus de penas de avestruz e máscara de cera.
Aqui, o carnaval tem raízes que remontam à Idade Média e normalmente atrai milhares de pessoas. Acontece durante os três dias anteriores à Quaresma. A cidade inteira prepara-se para as festividades carnavalescas que foram distinguidas pela UNESCO.
As estrelas do carnaval são os “Gilles”, figuras cómicas com bigodes finos que desfilam e dançam pelas ruas ao som de tambores e afastam os maus espíritos com paus.
Mas a pandemia trocou as voltas aos artesãos e aos foliões e cancelou um dos carnavais de rua mais antigos da Europa
Daniel Pourbaix, presidente da Associação de Defesa do Folclore de Binche, diz que o caráter popular torna este carnaval especial. Lembra que todos os habitantes da cidade participam na festa.
Para além da tristeza do cancelamento, o impacto económico será duro para a maioria dos artesãos.
Kersten, um alfaiate de Gilles de quarta geração, passa o ano inteiro a preparar-se para a época do carnaval e aluga cerca de 1.000 trajes durante as festividades.
Este ano, as prateleiras estão cheias.
"Nós não fazemos nada, não trabalhamos. Portanto, apesar de tudo, venho trabalhar à mesma hora todos os dias, apenas para manter um ritmo de vida", confessa o alfaiate.
Para ajudar o setor, a Associação de Defesa do Folclore de Binche criou um fundo de solidariedade.