Vítimas de ataque terrorista pedem €1,5 milhões ao Estado

Vítimas de ataque terrorista pedem €1,5 milhões ao Estado
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De  Francisco MarquesJohannes Pleschberger
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Grupo de vítimas diretas e indiretas do atentado jiadista de 2 de novembro na capital da Áustria exigem que o Estado seja punido por alegada negligência

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Quatro meses após o ataque terrorista de 2 de novembro no centro de Viena, sente-se ainda um profundo luto na capital da Áustria, mas também raiva pelo sucedido.

Diversas vítimas diretas e indiretas do ataque estão a processar o Estado por danos sofridos por negligência devido a alegados erros cometidos pelos serviços secretos antes do atentado cometido, presume-se, por um atirador "lobo solitário", e que terminou com 4 pessoas assassinadas, mais de 20 feridos e um atacante morto pelas autoridades.

Entre os 17 requerentes da compensação, está a filha de uma das vítimas mortais, abatida quando estaria a tentar fechar um estabelecimento comercial.

"O meu pai tentou fugir em busca de abrigo depois de ouvir os tiros. Ao mesmo tempo, tentou fechar a porta. O terrorista apercebeu-se do movimento porque tínhamos portas de vidro e disparou contra eles. Praticamente, o meu pai morreu logo ali", recordou Wendy em declarações à Euronews.

O advogado que representa as 17 vítimas está a pedir ao Estado desde novembro um fundo de compensação de €1,5 milhões sob ameaça, se necessário, de recorrer a uma ação judicial coletiva para a conseguir.

"As vítimas são remetidas para os canais burocráticos. Têm de preencher diversos tipos de formulários em papel e as autoridades dão-lhes €2 mil. São inaugurados memoriais. Há iniciativas legislativas a serem anunciadas. Mas as verdadeiras vítimas daquele terrível ataque não estão a ser efetivamente ajudadas", explicou-nos Karl Newole, o advogado.

Wendy garante-nos que "não é pelo dinheiro" que está a a exigir a compensação pelo sucedido. "É apenas para ouvir o Estado finalmente a assumir alguma coisa, a fazer alguma coisa, em vez de apenas inaugurar um memorial de pedra e, pronto, silenciar tudo até à morte", defendeu a órfã de pai.

Os ministros do Interior e da Justiça ainda não responderam ao pedido das 17 vítimas, contou-nos o advogado. Também na Euronews ainda não recebemos qualquer resposta às perguntas endereçadas ao governo austríaco, apesar de a comissão de inquérito ter já revelado publicamente alguns erros cometidos pelo Estado na luta contra o terrorismo.

"Houve uma reunião jiadista em Viena reportada no verão. O autor do ataque esteve lá, mas a reunião não foi valorizada na altura e só viria a ser incluída na avaliação de risco demasiado tarde", contou-nos Franz Merli, membro da Comissão de Inquérito ao Ataque Terrorista de 2 de novembro.

Dois alegados cúmplices do terrorista são também suspeitos de ter estado na referida reunião jiadista e estão agora a ser investigados por "colaboração em assassínio". Também os serviços secretos austríacos estão a ser escrutinados.

O correspondente da Euronews em Viena detalha-nos que "a procuradoria está a investigar pelo menos dois agentes dos serviços secretos, no entanto", acrescenta Johannes Pleschberger, "a  presidente da comissão de inquérito considera estas investigações um erro, alegando que os dois agentes estão a ser usados como bodes expiatórios."

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