A empresa britânica Savannah Resources aguarda pelo aval do governo português para iniciar a extração de lítio no norte do país. No entanto, o impacto ambiental do projeto está a preocupar os habitantes locais.
Nas montanhas do Norte de Portugal esconde-se uma das chaves para desbloquear a transição energética da Europa rumo à neutralidade carbónica. A região é rica em lítio, um componente essencial para o crescente setor dos veículos elétricos.
A maior mina deste metal raro da Europa Ocidental pode em breve vir a ser construída perto da aldeia de Covas do Barroso.
Mas muitos habitantes locais opõem-se ao projeto, por acreditarem que a mina trará ruído, poeiras, poluição e um fim ao modo como vivem.
"Eu não sou contra o lítio. Só não sou a favor de, para despoluírem cidades, venham poluir a minha aldeia e outras aldeias iguais à minha", diz Paulo Pires, pastor de Covas do Barroso.
Na região, as pessoas estão profundamente ligadas a estas terras, reconhecidas como património agrícola mundial pelas Nações Unidas. Para Aida e Nelson Fernandes, dois criadores de gado, parar a mina é também um assunto pessoal.
"Foi aqui que eu e os meus irmãos crescemos, a guardar as vacas. E por isso é que para mim tem um significado ainda maior, porque conheço esta zona desde muito pequena. E, neste momento, saber que será destruída só porque sim, porque se lembraram, para mim é muito triste", afirma Aida.
A exploração da Mina do Barroso está a cargo da Savannah Resources. A empresa britânica espera iniciar a produção até 2023 e diz que o impacto ambiental da mina pode ser mitigado.
David Archer, diretor executivo da companhia mineira, defende que o projeto desenvolvido "será sustentável, foi concebido de acordo com as melhores práticas mundiais" e que a empresa tem "todo um conjunto de planos de gestão para lidar com todos os aspetos do desenvolvimento do projeto".
O destino de Covas do Barroso depende agora da luz verde do governo português ao projeto.
Caso seja aprovado, haverá muitas preocupações ambientais por dissipar. Entre os residentes uma sensação permanece: a de que estão a pagar a fatura das ambições ecológicas da Europa.