População desespera com a falta de oxigénio para socorrer familiares infetados à beira da morte
Sem capacidade de resposta, na Índia morgues e crematórios tentam estancar, em contra relógio, o fluxo incessante de cadáveres de vítimas de Covid-19 que se amontoam.
A nova vaga da pandemia, com números recorde a todo o instante, deixou o país de rastos.
O desespero apoderou-se da população e os pedidos de oxigénio, na televisão e nas redes sociais, dispararam num contexto que se tornou asfixiante.
A nível nacional, mais de 25 comboios começaram a fazer chegar oxigénio a várias zonas do país.
Por outro lado, o Supremo Tribunal ordenou, esta quarta-feira, ao Governo a apresentação de um plano para responder às necessidades diárias de oxigénio dos hospitais de Nova Deli.
Enquanto isso, a comunidade internacional apressou-se a enviar ajuda para a Índia.
Um avião militar alemão fez chegar ao país uma unidade móvel de produção de oxigénio para auxiliar os hospitais sobrelotados. Esta quinta-feira, deverá chegar segundo avião de carga com mais ajuda.
A Austrália também enviou ventiladores e oxigénio que serão distribuídos pela Cruz Vermelha indiana e autoridades locais para assegurar que chegam aos lugares onde fazem realmente falta.
A comunidade científica alerta para a inevitabilidade de novas vagas. Enquanto a oposição pede o confinamento, o Governo de Narendra Modi mostra-se relutante por causa do impacto económico.
Pressionados, vários estados acabaram por tomar a iniciativa de proibir agrupamentos sociais.
A gestão da crise está a prejudicar a imagem do primeiro-ministro.
Apesar dos sinais, o Governo recusou cancelar o Festival das Cores ou jogos de críquete, por exemplo, que juntaram multidões no mesmo local.
Os esforços de acelerar a vacinação esbarram na escassez de doses. O país, com mais de 1,3 mil milhões de habitantes, só conseguiu, até agora, administrar 160 milhões de doses.
Nas últimas 24 horas, as mortes aumentaram para um recorde de 3.780.