A longa espera pelo resultado da eleição presidencial no Peru faz aumentar a tensão. Apoiantes dos dois candidatos clamam vitória e falam de fraude
A tensão sobe no Peru com a longa espera pelo resultado da eleição presidencial de domingo.
A contagem dos votos tem sido muito renhida. Os apoiantes dos dois candidatos saíram para a rua clamando vitória.
Do lado de Keiko Fujimori, a candidata da direita, surgem acusações de fraude. Um manifestante pergunta: "O que é que estão a esconder? O que é que estão a esconder? Viva a democracia; não ao comunismo!"
Pedro Castillo conquistou as zonas rurais mais pobres e Keiko Fujimori as regiões urbanas, com melhor nível de vida e mais densamente povoadas
Os apoiantes de Castillo alegam que a vantagem do candidato da esquerda, em número de províncias ganhas, já permite que a comissão eleitoral o declare vencedor.
"Pedimos que o declarem presidente. O homem ganhou em 19 províncias e a senhora só ganhou em seis ou sete sítios. É óbvio que estão a cozinhar uma fraude", alega uma manifestante.
O impasse político faz crescer a tensão, num país que enfrenta uma crise económica profunda agravada pelos piores resultados da pandemia a nível mundial.
O Peru sofreu uma contração económica de quase 10%, a pior da região. Milhares de pessoas perderam o emprego e mesmo as residências. A pandemia adensou a "falência" do modelo neoliberal das últimas três décadas, que deixou de responder às necessidades de milhares de peruanos, sobretudo durante a pandemia.
A escolha dos eleitores era entre a continuidade deste modelo com Keiko Fujimori, que tenta a presidência pela terceira vez; ou a mudança de sistema político e económico para combater a pobreza e as desigualdades, prometida pelo sindicalista Pedro Castillo, que propõe mudanças na constituição para permitir ao Estado uma maior intervenção na economia do país.
O resultado da escolha é um "empate técnico". A eleição é o espelho da clivagem entre os dois mundos que coabitam no Peru.