O Lago Balaton, património classificado pela UNESCO, está no mapa do desenvolvimento turístico e exploração imobiliária da Hungria. Os habitantes locais temem a descaracterização da região.
Nas margens serenas do Balaton, uma inquietação é cada vez mais ruidosa. O lago húngaro é um alvo apetecível para exploração imobiliária e turística, mas os habitantes locais temem que o betão destrua a beleza natural que fez do maior lago da Europa Central Património Mundial da UNESCO.
As chamadas terras do cânhamo foram vendidas há vários anos a proprietários privados e autoridades locais.
Perante múltiplos projetos de apartamentos, hotéis e até uma marina, cerca de 300 residentes de Tihany reuniram-se, este sábado, em protesto contra os planos de desenvolvimento da região.
"Tihany vai desaparecer. Há algumas povoações ao longo do Lago Balaton, mas só temos uma Tihany e não apenas para os locais. Tihany é um tesouro para todo o país", reclama Éva Csáki-Maronyák, uma das moradoras.
György Molnár, presidente da associação de defesa da região "Révbe Érünk Egyesület", teme os "planos para quase duplicar a população de Tihany com estas residências", sobretudo quando diz desconhecer como vão "afetar o ambiente, os transportes ou os serviços". "Não sabemos o que vai acontecer aqui", alerta.
Mas para o autarca local, do partido no governo, não há razão para alarme. Tihany "contribui para o desenvolvimento turístico há mais de 30 anos" e "é uma área de parque nacional, onde não é possível construir o que quer que seja".
Mas para o autarca local, Imre Tósoki, não há razão para alarme. Tihany, garante, não tem grande área para mais hotéis e condomínios residenciais.
A construção, no entanto, tem aumentado na última década, pelas mãos de oligarcas próximos do governo do Fidesz, com a ajuda de dinheiro dos contribuintes húngaros e de fundos europeus para o desenvolvimento turístico da região.
Na região de pântanos há agora palmeiras não autóctones em condomínios privados que vedam o acesso livre à zona ribeirinha. Temendo a total descaracterização da região, os habitantes locais pedem um adiamento de dois anos das construções, que lhes permita negociar com as autoridades uma solução de compromisso para preservar o equilíbrio natural das margens do Lago Balaton.