Guerra obriga o mundo do cinema a reinventar-se na Rússia

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Com a guerra, os russos perderam 80% da oferta cinematográfica e os cineastas perderam os festivais de cinema ocidentais e olham agora para oriente

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A indústria cinematográfica russa foi fortemente atingida pelos combates na Ucrânia, no momento em que estava a começar a recuperar da pandemia.

Como em muitos setores atingidos por sanções, o mundo do cinema russo está a a virar-se para dentro e a procurar novos horizontes no oriente, na Ásia.

Olga Zinyakova, a diretora da cadeia de cinemas Karo, na Rússia, refere as dificuldades: "Até 24 de fevereiro, a estrutura do mercado baseava-se no pressuposto de que 80% do mercado era composto por filmes estrangeiros, principalmente americanos e europeus. E cerca de 20% eram filmes russos, que tradicionalmente não eram lançados ativamente durante o período de Verão, eram lançados mais por volta do Ano Novo... O principal problema para nós é o conteúdo. O nosso objetivo agora é reunir o maior número possível de filmes diferentes de todo o mundo".

As sanções também vão afetar os cineastas russos, diz Pavel Doreuli, um engenheiro de som de 44 anos, que trabalha em cerca de 15 filmes russos por ano. Pavel assinala a falta de acesso ao software estrangeiro e o facto de os filmes russos não serem bem-vindos nos festivais de cinema estrangeiros.

"Neste momento, estamos privados da possibilidade de desenvolvimento. O que é que isso significa? Quando se entra num projeto internacional, digamos que se faz parte do projeto Netflix, um projeto que não é russo, mas no qual trabalhamos, dá-nos um incentivo para desenvolver e melhorar o cinema russo".

Os russos são cinéfilos ávidos de novidades. Segundo o Observatório Europeu do Audiovisual, o país registou o maior número de entradas na Europa -145,7 milhões - no ano passado.

Antes da retirada de Hollywood, a empresa russa Mosfilm-Master fazia dobragens de cerca de 10 filmes estrangeiros por mês, na sua maioria de inglês.

"Agora perdemos dois terços" dos negócios, disse o diretor da empresa, Yevgeny Belin, à AFP no seu estúdio de dobragem de alta tecnologia em Moscovo.

"Durante a pandemia, tivemos filmes mas nenhuma sala de cinema foi aberta". Hoje, temos os nossos cinemas mas não temos filmes", disse ele.

A Associação Nacional de Proprietários de Cinema da Rússia disse no mês passado que as salas de cinema correm o risco de perder até 80 por cento das suas receitas.

Procurando adaptar-se, Mosfilm-Master está à caça de tradutores de coreano e mandarim, embora Belin tenha dito que "duvida que os filmes asiáticos funcionem para os russos" devido a diferenças culturais.

Olga Zinyakova, a presidente da Karo, disse estar confiante de que a indústria pode reconstruir-se.

Desde que o conflito começou a 24 de fevereiro, o número de bilhetes vendidos nos 35 cinemas da Karo diminuiu 70 por cento.

O governo russo prometeu um grande apoio financeiro e reduções fiscais à produção cinematográfica e às salas de cinema, uma vez que pretende substituir os filmes de Hollywood por mais cinema russo.

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