Do desapontamento de uns e da esperança de outros ao apelo da extrema-esquerda, eis como a França acordou após a primeira volta das Presidenciais 2022
Emmanuel Macron e Marine Le Pen vão uma vez mais protagonizar um duelo numa segunda volta das Presidenciais de França. Um deles será o eleito para liderar o Eliseu nos próximos cinco anos.
O atual presidente e líder do movimento liberal centrista “A República em Marcha” recolheu quase 28% dos votos no primeiro turno do sufrágio. A líder da “União Nacional”, de extrema-direita, ficou-se pelos 23%, pouco mais de um ponto que o terceiro, o líder do "França Insubmissa", de extrema-esquerda, que conseguiu 21,95%.
Entre a população, há descontentamento, apreensão, mas também alguma esperança.
Estelle Germain assume ter votado em Jean-Luc Mélenchon e sente-se desapontado pelo o líder da extrema-esquerda não ter conseguido sequer chegar à segunda volta: "Sinto-me desapontada com estes resultados porque esperava uma mudança."
Akim Draoui, é cozinheiro em Marselha e questiona: "Será que temos escolha? É a peste ou a cólera, por isso vamos ver. É realmente uma pena que a classe política se limite a isto."
Gabriel Vives, tem 18 anos, e estudante: "Foi a primeira vez que votei e foi dececionante. Preferia outro candidato. É desapontante que seja a mesma coisa de novo."
Pascale, que revelou o apelido, vive em Paris e assume ter sido "deprimente" o resultado desta primeira noite eleitoral das Presidenciais: "Deparamo-nos com um candidato que já foi presidente durante cinco anos e pudemos ver os resultados, por exemplo, na saúde e na educação. Frente a ele vai estar um partido de extrema-direita que podia ter tido ainda mais votos se Eric Zemmour não tivesse aparecido. Por isso, é deprimente."
Stephane Reveault também residente na capital francesa e olha com alguma esperança para o futuro, ainda que o anteveja complicado para os franceses: "Vamos começar de novo. Sinto que vamos ter mais alguns anos com protestos. Vai ser difícil, mas espero que me engane. Talvez o próximo presidente seja mais moderado e perceba melhor o povo."
A campanha para a segunda volta das eleições presidenciais em França começou logo nos discursos do final do primeiro turno.
Procurando definir uma das grandes dúvidas que paira sobre a segunda volta, para onde vão pender os votos da extrema-esquerda, o terceiro classificado, Jean-Luc Mélenchon, fez um pedido ao respetivo eleitorado: "Não deem voz à extrema-direita."
Embora não o tenha nomeado, o apelo pode ser entendido como um apoio implícito a Emmanuel Macron. Ainda assim, os analistas políticos e as sondagens colocam os dois finalistas mais próximos do que há cinco anos e até à noite de 24 de abril as dúvidas sobre o vencedor deverão manter-se.
A antieuropeísta Marine Le Pen e o europeísta Emmanuel Macron deverão agora centrar as respetivas campanhas em desacreditar o rival e a relação de ambos com Vladimir Putin poderá ganhar o protagonismo que a guerra da Ucrânia ainda não teve nesta primeira volta. A palavra ao povo!