"Não nos enganemos, nada está decidido" - Emmanuel Macron

Marine Le Pen e Emmanuel Macron voltam a enfrentar-se numa segunda volta das eleições
Marine Le Pen e Emmanuel Macron voltam a enfrentar-se numa segunda volta das eleições Direitos de autor AP Photo/Michel Spingler//Thibault Camus
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Emmanuel Macron conseguiu um melhor resultado do que em 2017, 27,4% dos votos. Marine Le Pen (RN), obteve 24,2% dos votos dos franceses.

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Emmanuel Macron e Marine Le Pen vencem primeira volta das eleições presidenciais francesas. Foram os candidatos mais votados com 27,4% e 24,2% respetivamente.

A segunda volta deve ocorrer no dia 24 de abril.

Mais de 48,8 milhões de eleitores francesas foram chamados a eleger o novo presidente.

O presidente de França, Emmanuel Macron, que terá vencido a primeira volta das eleições presidenciais, disse, este domingo, que pretende ser reconduzido no cargo de chefe de Estado, por mais cinco anos, e afirmou estar disposto a "unir convicções e sensibilidades".

Macron alertou, no entanto, os franceses de que há ainda trabalho a fazer para vencer a segunda volta e evitar que a candidata de extrema-direita chegue ai poder: "Não nos enganemos, nada está decidido", lembrando que o resultado final do escrutínio presidencial "será decisivo para França e para Europa".

Por seu lado, a candidata da União Nacional, Marine Le Pen, disse que quer ser a presidente "de todos os franceses" e para isso, apelou ao voto à direita e à esquerda.

"A minha ambição é unir os franceses num projeto que junte as gerações num destino invencível. Apelo a todos os franceses, de todas as sensibilidades, de direita ou esquerda, de todas as origens que se unam a nós para construirmos, com convicção e entusiasmo, uma grande vitória", referiu.

O apoio a Macron contra Le Pen

Para evitar que a extrema-direita chegue ao mais alto cargo da nação, o candidato de esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, terceiro classificado nesta primeira volta, pediu aos apoiantes para não darem "um único voto a Marine Le Pen". Repetiu a ideia por três vezes, durante o seu discurso pós escrutínio, este domingo.

Mélenchon deixa os correligionários de votarem de acordo com a sua consciência, perante o dilema entre optar por dar o voto a Emmanuel Macron ou abster-se.

Alguns dos candidatos de esquerda - Anne Hidalgo (socialista), Fabien Roussel (Partido comunista), Yannick Jadot (ecologista) e Philippe Poutu (operário e sindicalista) - à primeira volta do escrutínio presidencial apelaram ao voto em Emmanuel Macron na segunda volta, de modo a travar Marine Le Pen. O mesmo fez a candidata da direita moderada, Valérie Pécresse.

Quem prometeu, também, apoiar Macron na segunda volta foi Edouard Philippe. Num vídeo, publicado nas redes sociais, o antigo primeiro-ministro gaulês afirmou que pretende "fazer campanha ativa" pelo atual chefe de Estado. O Presidente da Câmara do Havre saúda "o bom resultado do Presidente da República, que o coloca na melhor posição para a segunda volta".

"Acima de tudo, quero alertar todos os nossos concidadãos para a escolha, a escolha importante que lhes é oferecida na perspetiva da segunda volta. Porque a França não será a mesma se amanhã for presidida pela senhora Le Pen ou se continuar a ser presidida pelo Presidente da República", acrescentou a ex-primeiro-ministro.

"Se, como eu, está apegado a uma França que é grande quando se agarra a esta ideia de liberdade, se está apegado a uma França que é poderosa quando é influente numa Europa forte, se está apegado a uma França próspera, ou seja, uma França onde o desemprego está a diminuir, onde os investimentos estão a acelerar, onde o pleno emprego está à vista, então acredito que deva comprometer-se com o Presidente da República, fazer campanha ativa, e assumir as suas responsabilidades, e votar, no dia 24 de abril, em Emmanuel Macron", concluiu.

O resultado da primeira volta das eleições francesas não surpreendeu o professor Paul Bacot, da universidade Sciences Po Lyon. O académico defendeu: "Não há surpresas, uma vez que as sondagens de intenção de voto tinham mostrado, claramente, que vários cenários eram possíveis, o mais provável dos quais era o duelo Macron-Le Pen, e que a evolução do eleitorado mostrou um reagrupamento em torno dos três candidatos que terminaram efetivamente na liderança. Isto talvez nos poupe os habituais discursos anticientíficos e conspiratórios que florescem contra a eficácia das vacinas, contra a realidade do aquecimento global... e contra "sondagens que estão erradas" ou, pior ainda, "mentiras"!

Bacot sublinhou que "extrema-direita tem um bom terço dos eleitores, o que para Le Pen é uma boa base para entrar na segunda volta - mas que é também um terrível revés para Emmanuel Macron, que vê a extrema-direita, que prometeu reduzir, como o seu principal adversário. Mas paradoxalmente, o facto de a eleição de Le Pen para a segunda volta se tornar uma possibilidade pode levar a que muitos eleitores não votem nela, pensando que o seu voto poderia ter consequências muito graves. As palavras de Pécresse, Hidalgo, Jadot, Roussel... são muito claras a favor de um "voto para Macron". Mélenchon parece desencorajar aos seus eleitores que querem continuar a votar contra Macron, sem chegar a uma instrução positiva."

Partidos tradicionais caem para a quase irrelevância

Tanto a direita tradicional como o Partido Socialista alcançaram os piores resultados da sua história. Como o fizeram há cinco anos, as partes que partilharam o poder até à emergência de Emmanuel Macron, em 2017, estão fora da segunda volta.

A presidente da região parisiense, a conservadora Valérie Pécresse, e a presidente da câmara da capital, a socialista Anne Hidalgo, não conseguiram chegar aos cinco primeiros. Pécresse conseguiu 5% dos votos, enquanto Hidalgo não foi muito além dos 2%.

"O resultado é catastrófico", disse Paul Bacot. "As eleições legislativas parecem más para ambas as partes". A sua "sobrevivência está em jogo", sublinhou à euronews o académico.

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No caso do partido conservador, esperará que o último voto seja contado, porque se obtiver mais de 5% dos votos, evitará que o partido republicano tenha de pagar pela sua campanha, uma vez que esse é o marco imposto por lei para o Estado reembolsar as despesas eleitorais.

O Partido Socialista, dos presidentes François Mitterrand e François Hollande, encontra-se numa situação mais precária. As suas esperanças residem nas eleições legislativas de junho, onde vão lutar por um melhor resultado de modo a evitarem a irrelevância política.

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