Filho do ditador com o mesmo nome marca o regresso da controversa família filipina aos palcos do alto poder.
Quase quatro décadas depois de o ditador Ferdinand Marcos ter sido deposto, foi a vez de, esta segunda-feira, Ferdinand Marcos Jr. voltar a colocar o nome de família nos comandos das Filipinas. Com mais de 90% dos votos contados, Ferdinand Marcos - o filho - deixava para trás o candidato em segundo lugar, Leni Robredo, com mais do dobro do número de votos e a maior margem de vitória desde que o pai deixou o poder.
Na vice-liderança fica outro nome conhecido: sai da presidência Rodrigo Duterte, entra para número dois a filha, Sara Duterte.
Aos milhões de eleitores agora em festa parece não ter pesado as contas com o passado. Sobre o presidente demissionário pende uma investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) a alegados crimes de guerra cometidos no combate ao narcotráfico. Durante o seu mandato, Duterte recusou, no entanto, a entrada dos investigadores no país. As Filipinas abandonaram o TPI em 2018.
Mas foi o apoio da família Duterte que contribuiu de forma definitiva para o regresso à ribalta política do dos Marcos, um clã forçado a alguns anos de exílio, após se acusado de desvio de milhões dos cofres do Estado para sustentar uma vida de luxo, quando o país passava sérias dificuldades económicas.
O resultado das eleições, apesar de evidente, ainda não foi totalmente apurado. Após uma campanha a que os críticos apontam a falta de comparência do atual vencedor nos debates e a veiculação de desinformação nas redes sociais, Ferdinand Marcos Jr prepara-se para assumir um mandato seis anos à frente das Filipinas